Durante as buscas, agentes da Polícia Civil apreenderam documentos, computadores e celulares - Divulgação / Polícia Civil
Durante as buscas, agentes da Polícia Civil apreenderam documentos, computadores e celularesDivulgação / Polícia Civil
Por Lucas Madureira
ARRAIAL DO CABO - A Polícia Civil de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, cumpre 10 mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (7), em endereços ligados a funcionários e ex-funcionários públicos da Prefeitura do município. Segundo as investigações, eles são suspeitos de utilizarem a máquina pública para tomar à força terrenos e terras das vítimas, que eram, inclusive, de acordo com a polícia, ameaçadas de morte.

A operação foi denominada Máquina de Rapina, e os agentes fazem buscas na sede da Secretaria Municipal do Ambiente, na Guarda Marítima Ambiental e nas viaturas oficiais do órgão. Ao todo, cerca de 40 policiais civis participam da ação, que conta com o apoio de equipes de outras delegacias do 4º Departamento de Polícia de Área (DPA), ligado ao Departamento Geral de Polícia do Interior.

As investigações, realizadas pela 132ª Delegacia Policial, em Arraial do Cabo, em conjunto com a Promotoria do município, revelaram que os integrantes da organização criminosa atuam como grileiros e usam a máquina pública para intimidar as vítimas e para validar suas ações. Além disso, há indícios de que a quadrilha se vale de ações possessórias e de usucapião simuladas junto ao Poder Judiciário, com o objetivo de dar um ar de legalidade às invasões. Entre os investigados, ainda segundo a polícia, estão contratados em cargos de confiança pelo prefeito Renatinho Vianna, do Republicanos.

“Essa primeira fase da operação tem o objetivo de colher ainda mais provas dos crimes praticados por essa organização criminosa, além do material que já possuímos. Também buscamos identificar outros integrantes da quadrilha, inclusive dentro da Prefeitura”, disse a delegada de Arraial do Cabo, Patrícia Aguiar.

AFASTAMENTO IMEDIATO DOS INVESTIGADOS

Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça também aceitou o pedido feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público e determinou o afastamento dos investigados dos cargos públicos por seis meses, prazo que pode ser prorrogado. O objetivo é impedir a articulação, influência, interferência e a continuidade da prática criminosa, visto que os envolvidos possuem ligação direta e íntima com os órgãos municipais.

“Essa quadrilha age em duas frentes diferentes. De um lado, faz de vítimas as pessoas que têm as terras invadidas e tomadas à força. Do outro, há aquelas que compram, de boa fé, esses terrenos, acreditando que a documentação é legítima, e acabam descobrindo depois terem caído em um golpe. Para viabilizar seus crimes e legitimar suas ações, essa organização criminosa utiliza a máquina pública e a entrada que possui na Prefeitura de Arraial do Cabo”, explica a delegada Patrícia Aguiar.

Entre os crimes investigados estão organização criminosa, estelionato, esbulho possessório, peculato-desvio, falsidade ideológica e parcelamento irregular do solo urbano. De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha age na cidade há muitos anos e a maior parte dos investigados já possui vários antecedentes criminais. A polícia orienta que quem tenha sido vítima da quadrilha procure a delegacia para registrar ocorrência.
O QUE DIZ A PREFEITURA

Por meio de nota, a Prefeitura de Arraial do Cabo informou que em relação aos funcionários envolvidos, todas as devidas providências serão tomadas durante a investigação. Disse ainda que repudia os comportamentos inadequados e quaisquer condutas em desacordo com o exercício da função pública.

O município esclareceu ainda que a operação nada tem a ver com o prefeito Renatinho Vianna, e que trata-se de investigações vindas de gestões passadas, não sendo a sede do governo alvo de nenhum mandado.