Tartaruga é candidato a vereador em Arraial do Cabo - Divulgação
Tartaruga é candidato a vereador em Arraial do CaboDivulgação
Por O Dia
ARRAIAL DO CABO - O candidato a vereador Lucas Silva dos Santos, conhecido como Tartaruga, do PRB, é um dos alvos da operação Máquina de Rapina, deflagrada pela Polícia Civil nessa quarta-feira (7), em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio. Segundo as investigações, Lucas é suspeito de fazer parte de uma quadrilha formada por servidores e ex-servidores da Prefeitura, que utilizava a máquina pública para tomar à força terrenos e terras das vítimas.

Além do candidato a vereador, também foram alvos da operação, a irmã dele, Suzana Beatriz Silva dos Santos, que é advogada e assessora jurídica especial de contratos da Secretaria Municipal de Compras e Licitações, e o pai de Tartaruga, Edson Soares dos Santos, o Edinho, apontado pela polícia como o líder da quadrilha. Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados. Durante a ação, os agentes apreenderam documentos, computadores e celulares.

“Existe, por exemplo, um áudio em que Edinho diz que se o dono do terreno invadido construir muro, a equipe de Obras vai lá para dizer que é irregular e mandar derrubar. Muito da força que Edinho tinha dentro da Prefeitura vinha do fato de seu filho ser um dos homens de confiança do prefeito e Lucas se utiliza dessa condição para conseguir as coisas dentro da administração municipal”, declarou a delegada de Arraial do Cabo, Patrícia Aguiar, responsável pelas investigações do caso.

Lucas já atuou como secretário de Posturas e coordenador-geral do Gabinete do prefeito. Segundo as investigações, ele é um dos homens de confiança do prefeito Renatinho Vianna, do Republicanos, e teria deixado a função pública em abril deste ano, para tentar uma vaga na Câmara de Vereadores nas próximas eleições municipais.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, Tartaruga atuava como um dos elos da quadrilha dentro da Prefeitura e os indícios apontam que ele era um dos responsáveis por conseguir documentos, licenças e certidões fraudulentas. A polícia também revelou que o grupo criminoso utilizava algumas secretarias municipais, inclusive a de Posturas, comandada por Lucas e a de Obras, para realizar fiscalizações contra os reais proprietários dos imóveis invadidos.

O DIA não conseguiu contato com a defesa dos citados na reportagem.

AS INVESTIGAÇÕES

As investigações realizadas pela 132ª Delegacia Policial, em Arraial do Cabo, em conjunto com a Promotoria do município, revelaram que os integrantes da organização criminosa atuavam como grileiros e usavam a máquina pública para intimidar as vítimas e para validar suas ações. Além disso, há indícios de que a quadrilha se vale de ações possessórias e de usucapião simuladas junto ao Poder Judiciário, com o objetivo de dar um ar de legalidade às invasões.

“Essa primeira fase da operação tem o objetivo de colher ainda mais provas dos crimes praticados por essa organização criminosa, além do material que já possuímos. Também buscamos identificar outros integrantes da quadrilha, inclusive dentro da Prefeitura”, acrescentou a delegada.

Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça também aceitou o pedido feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público e determinou o afastamento dos investigados dos cargos públicos por seis meses, prazo que pode ser prorrogado.

Entre os crimes investigados estão organização criminosa, estelionato, esbulho possessório, peculato-desvio, falsidade ideológica e parcelamento irregular do solo urbano. A polícia orienta que quem tenha sido vítima da quadrilha procure a delegacia para registrar ocorrência.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Por meio de nota, a Prefeitura de Arraial do Cabo informou que em relação aos funcionários envolvidos, todas as devidas providências serão tomadas durante a investigação. Disse ainda que repudia os comportamentos inadequados e quaisquer condutas em desacordo com o exercício da função pública.

O município esclareceu ainda que a operação nada tem a ver com o prefeito Renatinho Vianna, e que trata-se de investigações vindas de gestões passadas, não sendo a sede do governo alvo de nenhum mandado.