Ranatinho é candidato à reeleição no município - Foto: Divulgação
Ranatinho é candidato à reeleição no municípioFoto: Divulgação
Por O Dia
ARRAIAL DO CABO - Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE-RJ), um empresário da área de limpeza urbana, que prestava serviços para a Prefeitura de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, revela como funcionava o esquema criminoso envolvendo o prefeito da cidade, Renatinho Vianna, do Republicanos. O político, que é candidato à reeleição no município, foi alvo de busca e apreensão, durante a operação Porto Franco, deflagrada pela Polícia Civil, em julho deste ano.

O empresário Fernando Trabach Gomes, dono da Líbano, relata que foi procurado por Renatinho durante o período de campanha para as eleições municipais de 2016. Ainda segundo o depoimento, obtido esta semana pelo O DIA, o empresário afirma que, na época, após um acordo com Renatinho, então candidato à Prefeitura de Arraial do Cabo, chegou a doar parcelas que totalizavam R$ 400 mil para financiar a campanha eleitoral dele.

Ainda de acordo com o empresário, após vencer as eleições, Renatinho teria cumprido a sua parte no acordo, ao fraudar o processo de licitação para beneficiar a Líbano. Assim que a empresa começou a atuar na cidade, no início de 2017, Fernando afirma que Renatinho pediu o percentual de 10% do valor líquido que a Líbano recebia da Prefeitura referente aos serviços de coleta de lixo prestados para o município.

As investigações do MP apontam que o valor da propina ultrapassava R$ 30 mil por mês, e, na maior parte das vezes, o dinheiro era colocado em envelopes, transportado de helicóptero do Rio até a Região dos Lagos e entregue pelo filho do empresário a uma pessoa de confiança do prefeito Renatinho Vianna.

“[...] Não era grande o volume. Procurava colocar em notas inteiras, pra poder dar menos volume, né? R$ 40 mil era R$ 30 mil mais ou menos que era comissionamento lá... Trinta, trinta e poucos mil”, revela Fernando Trabach em um trecho do depoimento concedido ao MP.

As investigações reúnem documentos, testemunhas, gravações e trechos de conversas extraídas de um aplicativo de mensagens. Além do prefeito Renatinho Viana, apontado como o líder da organização criminosa, as investigações apuram ainda o envolvimento de ex-servidores públicos da Prefeitura, no esquema, entre eles: João Carlos Costa de Mello, conhecido como Cacau; Carlos Roberto da Silva, o Pica-Pau, e Adalberto Martiniano Alves Junior, além do vereador Ayron Pinto Freixo. Todos foram alvos de busca e apreensão da operação Porto Franco.

Por meio de nota, a defesa do prefeito Renatinho Vianna nega que o parlamentar tenha recebido vantagens indevidas e feito direcionamento de licitação para beneficiar qualquer empresário. Já a Prefeitura de Arraial do Cabo informou que está à disposição do Ministério Público e da Polícia Civil para responder a qualquer questionamento sobre procedimentos administrativos. O DIA não conseguiu contato com as demais pessoas citadas na reportagem.