Por lucas.cardoso

Rio - O financiamento de veículos novos registrou o seu mais fraco desempenho no ano passado. O total de recursos liberados foi R$ 80,2 bilhões, o que representa uma queda de 10% em 12 meses. De acordo com levantamento da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (ANEF), até então o menor volume era de R$ 88,9 bilhões, alcançado em 2015.

O presidente da entidade, Gilson Carvalho, avalia a queda: “O fraco desempenho da economia impactou fortemente na concessão de crédito ao consumidor. Ao mesmo tempo em que os bancos, em razão do aumento dos riscos, foram mais rigorosos, muitos consumidores optaram por adiar suas compras, com medo de não quitar sua dívida. O ano de 2016 foi de muita cautela, tanto por parte das pessoas, como por parte das instituições financeiras”.

Expectativa é de que saldo de financiamentos para a compra de veículos e motocicletas aumente 2%2C5% e alcance a marca de R%24 166%2C7 bilhões neste anoDivulgação

Na avaliação do executivo, a situação deve melhorar neste ano. A expectativa é de que o saldo de financiamentos para a compra de veículos e motocicletas registre um pequeno aumento de 2,5% e alcance a marca de R$ 166,7 bilhões. Já o total de recursos liberados poderá crescer um pouco mais e somar R$ 86,7 bilhões, o que representa uma alta de 5,5%. “No primeiro semestre, o mercado deverá manter o ritmo, pois o nível de confiança da população ainda continua baixo e ninguém quer comprometer sua renda ou ficar inadimplente. Depois, nossa expectativa é de crescimento no volume de negócios, mas ainda muito inferior aos anos anteriores”, analisa.

MODALIDADES

O financiamento segue como preferência do consumidor na compra de um zero quilômetro. Em 2016, 49% dos negócios envolveram operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC). As compras à vista registraram o melhor resultado desde 2008 e corresponderam por 44% das vendas efetuadas em 2016. O consórcio respondeu por 5% dos contratos e o leasing, por 2%.

No segmento dos veículos pesados, o Finame foi responsável por 62% das negociações, seguido pelo CDC (17%), compras à vista (14%), consórcio (5%) e leasing (2%). A maioria dos compradores de motocicletas optou pelo consórcio. No ano passado, a modalidade de crédito foi responsável por 36% dos contratos. Na sequência, estão os financiamentos com 34% das operações e compras à vista, com 30%.

INADIMPLÊNCIA E JUROS

No ano passado, a taxa de inadimplência nas operações de financiamento registrou aumento de 0,4 ponto percentual tanto para pessoas físicas como para jurídicas. Para o primeiro grupo, a taxa foi de 4,6%, enquanto para o outro, foi de 5%. Na carteira de leasing, o índice de não pagadores foi um pouco menor: 3,8% para as pessoas físicas e 3,6% para as empresas. “Os índices de inadimplência ficaram abaixo da expectativa, o que é muito bom, mas estão crescendo. Em 2014, a taxa para as pessoas físicas era 3,9% e em 2015 foi de 4,2%”, explica Carvalho.

Na comparação com as instituições independentes, as taxas praticadas pelos bancos ligados às montadoras continuam mais atraentes. Em dezembro, as entidades associadas à ANEF cobraram juros de 23,14% ao ano e 1,76% ao mês, enquanto os independentes trabalharam com 25,70% e 1,92%, respectivamente. O prazo médio das concessões é de 42,4 meses. Já o prazo máximo oferecido pelos bancos é de 60 meses.

PROMOÇÕES E 13º GERARAM NEGÓCIOS

Dos R$ 80,2 bilhões liberados ao longo do ano passado para a compra de um veículo novo por meio do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), R$ 71,4 bilhões foram destinados para as pessoas físicas e R$ 8,8 bilhões para as empresas. Esse montante é 10,2% e 7% menor na comparação com 2015.

Segundo o levantamento, o 13º e as promoções promovidas pelas redes de concessionárias ajudaram a alavancar os negócios em dezembro, que registrou o melhor resultado do ano nessa modalidade de crédito. O total liberado foi de R$ 8 bilhões, aumento de 10% em relação a novembro, e de 1,7% na comparação com o mesmo período de 2015. Para as pessoas físicas, foram destinados R$ 7,2 bilhões, enquanto para as jurídicas, R$ 857 milhões.

Na carteira de leasing, no acumulado do ano, foram liberados R$ 2 bilhões, queda de 32,2% em 12 meses. O maior volume, de R$ 1,4 bilhão, foi destinado para as pessoas jurídicas, e os R$ 631 milhões para as pessoas físicas. Na comparação com os negócios realizados em 2015, a queda foi de 25,7% e de 43,6%, respectivamente.

No último mês do ano passado, as operações de leasing atingiram R$ 162 milhões, redução de 16,5% na comparação com novembro e de 50,3% em relação ao mesmo período de 2015. Para as pessoas jurídicas, foram liberados R$ 124 milhões e para as pessoas físicas, R$ 38 milhões.

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