Inauguração aconteceu na última quarta-feira (29), no bairro Porto do Carro ASCOM

A cidade de Cabo Frio é uma das únicas do interior do Estado que agora conta com ambulatório de atenção à saúde da população travesti e transexual, segundo levantamento feito pelo Portal O Dia. A unidade começou a funcionar na última quarta-feira (29), e marca o pioneirismo do município em relação à saúde LGBTQI+ na Região dos Lagos.
O ambulatório está localizado na rua Leonor Fonseca da Costa, s/n, bairro Porto do Carro, e conta com uma equipe multidisciplinar para atendimento aos pacientes. O local funcionará de segunda a quarta-feira, das 8h às 17h. Para ser atendido basta se dirigir ao local.
O prefeito José Bonifácio (PDT) visitou o espaço, e destacou a importância do atendimento de saúde ser para todos, independentemente do município.

“O SUS é o Sistema Único de Saúde. Se os outros municípios não abrem, nós temos que fazer a nossa parte. Vamos atender todos os pacientes que buscarem cuidado e acolhimento de saúde em nossa cidade”, disse o prefeito.

Na cerimônia de abertura, o antigo secretário de Saúde, Felipe Fernandes, reforçou a questão da acessibilidade aos serviços de saúde para toda a população.
“A iniciativa reforça os passos que temos dado em prol da reestruturação da Atenção Básica, e uma saúde de fácil acesso para a população, que temos feito desde o início da gestão. A garantia de acesso ao tratamento gratuito com psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos preparados para identificar e fazer a escuta desses pacientes, os acolhendo da forma correta, faz com que seja reconhecida a necessidade de uma demanda, legitimando suas necessidades e especificidades, promovendo ainda a luta contra o preconceito”, diz Felipe Fernandes.

A equipe da Superintendência de Políticas Públicas LGBTI+ vai auxiliar a equipe técnica do ambulatório com apoio aos casos mais complexos. Também servirá como mais uma porta de entrada para os usuários do serviço de saúde especializado.

“Pensar em um ambulatório trans para o município é pensar uma nova forma de ingresso no Sistema Único de Saúde para travestis e transexuais que, historicamente, sofrem com a discriminação e a invisibilidade frente às Políticas Públicas. Agora, Cabo Frio terá um espaço de acolhimento criado para atender às pessoas trans ou com identidade de gênero diferente do sexo biológico, com a prestação de saúde de forma humanizada, respeitando a individualidade dessas pessoas. Isso é essencial” explicou Pedro Rosa, superintendente de Políticas Públicas LGBTI+ na cidade.
Na ocasião estiveram presentes ainda a equipe de saúde, formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. O encontro contou com a participação do secretário Adjunto de Esporte e Lazer e Presidente do Grupo Iguais, Rodolpho Campbell; da secretária de Assistência Social, Nilza Miquelotti; do Coordenador do Centro de Cidadania LGBTI+ da Baixada Litorânea, Théo Silveira; e da coordenadora de Políticas Públicas LGBTI+ de São Pedro da Aldeia, Paula Azevedo, além de representantes da sociedade civil.
HOMENAGEM A DEMÉTRIO CAMPOS

O ambulatório de atenção à saúde da população travesti e transexual recebeu o nome do jovem cabo-friense Demétrio Campos, falecido em maio de 2020.

“Quando Felipe entrou em contato, fiquei emocionada. Perdi meu filho no dia 17 de maio de 2020, no dia de luta contra a LGBTfobia. Ele era homem trans, negro, lutava contra a transfobia, contra o racismo e todo tipo de preconceito. Logo após a morte dele, com muita dificuldade, assumi a militância e o ativismo dele. Só quem é trans, negro e periférico sabe o que é viver numa sociedade homofóbica e racista. Acredito que hoje é o momento para que todos olhem para quem está aqui presente, e enxerguem que todos devem ser respeitados”, disse Ivoni Campos, mãe de Demétrio.