Para o advogado do caso, a execução do plano é dificultada pelo fato de Glaidson estar preso, Mirelis foragida e os bens bloqueados pela Justiça.Divulgação: Internet

O criminalista mineiro Ciro Chagas, que defende Mirelis Zerpa, sócia da GAS Consultoria Bitcoin, anunciou que foi autorizado pela cliente a apresentar à Justiça Federal um plano de pagamento aos clientes lesados pela empresa. A GAS fechou em agosto do ano passado, depois que os seus donos, Mirelis e o marido, Glaidson Acácio dos Santos, foram acusados de montar uma pirâmide financeira disfarçada de consultoria de investimentos em criptomoedas. Clientes do ‘Faraó dos Bitcoins’ já conseguiram bloquear na Justiça R$ 5 milhões para recuperar investimentos.
Mirelis, que está foragida desde 25 de agosto, durante a Operação Kriptos, foi apontada junto com o marido, o “Faraó dos Bitcons”, como responsável por um esquema que afetou 67 mil clientes — os investigadores estimam que o número pode chegar a 200 mil — e arrecadou pelo menos R$ 38 bilhões. Porém, até o momento, as autoridades só conseguiram apreender cerca de R$ 200 milhões.
Do restante, a investigação apurou que Mirelis, já foragida, conseguiu sacar R$ 1 bilhão em bitcoins após as prisões. Uma das linhas das investigações em andamento pretende entender o papel da mulher de Glaidson, venezuelana, no esquema. Já se sabe que era ela quem coordenava os trades da empresa.
Como provavelmente se encontra nos Estados Unidos, para onde viajou antes da operação, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a sua extradição. Seu nome consta na difusão vermelha da Interpol para extradição. Porém, como dificilmente o governo americano atende a esse tipo de pedido, a esperança dos investigadores é de que ela seja expulsa dos EUA.
Ciro Chagas anunciou o plano de pagamento, na segunda-feira, a mais de 19 mil pessoas que assistiram à live organizada pela advogada paraibana Mônica Coelho Lemos, que também atua na defesa do casal. Ele garantiu que há recursos para os ressarcimentos, mas não detalhou a origem e nem a forma de pagamento a ser proposta no acordo.
O advogado disse apenas que, para pagar, a GAS terá de ser submetida a profunda auditoria para apurar a relação com cada investidor. Para ele, a execução do plano é também dificultada pelo fato de Glaidson estar preso, Mirelis foragida e os bens bloqueados pela Justiça.
— Isso obriga a defesa a muitas idas e vindas ao presídio, a cada dúvida que se aparece. Fora o fato de se tratar de criptoativos, cujo levantamento vai depender de muito mais do que uma ordem judicial — explicou.
A Kryptos foi a fase ostensiva de uma investigação iniciada em março, depois que agentes da Polícia Federal (PF) apreenderam R$ 7 milhões em espécie da GAS, em helicóptero que decolava de um heliponto em Búzios. A prisão de Glaidson, porém, não encerra o inquérito sobre o caso, que agora busca rastrear o destino do dinheiro lavado pela organização.
Os investigadores do caso foram surpreendidos com a notícia sobre o pagamento. Alguns deles receberam com desconfiança, suspeitando que se trata de mais um meio de pressão para suspender as prisões de Glaidson e Mirelis. De qualquer forma, quando oficializado, o plano deverá ser submetido pela Justiça à avaliação do Ministério Público Federal.