Movimentos sociais descartaram possibilidade de se tratar de uma travesti; homem foi identificado como Valcilan Braga CorreiaSabrina Sá (RC24h)

Uma reviravolta mudou o rumo das investigações do assassinato envolvendo uma suposta travesti no bairro Monte Alegre III, em Cabo Frio, na Região dos Lagos. O crime brutal aconteceu no último domingo (30), comovendo toda a comunidade e tomando proporção nacional.
A novidade é que o corpo encontrado com diversas marcas feitas por tijoladas não se trata de uma travesti. A informação foi dada por integrantes de movimentos LGBTI e do Centro de Cidadania LGBTI da Baixada Litorânea I e II, que estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Cabo Frio, buscando informações. Um exame de papiloscopia – que identifica o corpo por meio de digitais nas mãos e pés – feito na unidade concluiu que o trata de um homem identificado como Valcilan Braga Correia.

A informação de que a morte seria de uma travesti partiu de uma fonte inicial que esteve no local e de levantamentos com moradores do local. De acordo com o relato, os vizinhos ouviram uma voz afeminada gritando “pelo amor de Deus, me bate, mas não me mata” por volta de 10h do dia do crime. Depois disso o corpo foi encontrado de bruços, vestindo uma blusa rosa e uma calça cinza. A posição da vítima não possibilitava uma identificação precisa.

Muitos chegaram a suspeitar que uma pessoa conhecida na localidade como Pamela, a “Peppa”, seria a vítima. Essa informação se espalhou e por isso surgiu a informação de se tratar de uma travesti.

Como o bairro é conhecido por ser um local perigoso e de ‘desova’, muitas informações são ocultadas por medo de represálias, o que também dificultou as investigações.
 
Movimentos sociais descartaram possibilidade de se tratar de uma travesti; homem foi identificado como Valcilan Braga Correia - Sabrina Sá (RC24h)
Movimentos sociais descartaram possibilidade de se tratar de uma travesti; homem foi identificado como Valcilan Braga CorreiaSabrina Sá (RC24h)
Três famílias chegaram a ir ao IML para reconhecer o corpo, mas ele só foi identificado depois da presença de representantes dos movimentos LGBTI.

O Centro de Cidadania LGBTI da Baixada Litorânea I e II emitiu uma nota técnica sobre o caso. Confira:

O Centro de Cidadania LGBTI da Baixada Litorânea I e II, na pessoa do seu Coordenadore Theo Silveira, vem esclarecer sobre o suposto crime de LGBTIfobia, no dia 30/01/2022, ocorrido na comunidade Monte Alegre III, em Cabo Frio.

Junte ao coordenadore, teve a presença da advogada Rute Fiuza, do Centro de Cidadania LGBTI da Baixada Litorânea I e II, da Laysa Jotha, coordenadora da Rede Transformar, Fernanda Machado representando o Conselho Estadual LGBTI e Pedro Rosa, Superintendente de Políticas Públicas LGBTI de Cabo Frio, onde estiveram no IML para reconhecimento e confirmação sobre a identidade de genêro e/ou orientação sexual.

Durante o reconhecimento foi possível constatar pela equipe, nenhum indício que corroborem para a identidade trans feminina da vítima, conforme exposto pela mídia anteriormente, mas não sendo possível confirmação da orientação sexual.

A equipe de legista do IML, por meio dos exames efetuados, foi possível o reconhecimento da vítima e dessa forma, decorrendo investigação e procura dos familiares.

Portanto, devido ausência de confirmação de orientação sexual e ausência de identidade trans, o Centro de Cidadania LGBTI supõe não existir o crime de LGBTIfobia, deste modo, encerrando o acompanhamento do caso”.
 
Movimentos sociais descartaram possibilidade de se tratar de uma travesti; homem foi identificado como Valcilan Braga Correia - Sabrina Sá (RC24h)
Movimentos sociais descartaram possibilidade de se tratar de uma travesti; homem foi identificado como Valcilan Braga CorreiaSabrina Sá (RC24h)
Além das tijoladas, a vítima ainda foi alvejada por dois tiros disparados por arma de fogo. Ainda não há informações se eles foram efetuados no local da morte, visto que moradores escutaram os pedidos de socorro, conforme o relato de uma pessoa do entorno que entrou em contato com a reportagem do O Dia para que fosse feito o contato com a Polícia Militar.

O Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento de Mulheres da Região dos Lagos que estavam organizando o ato “contra o transfeminicídio e pela vida de todas as mulheres” ainda não confirmou se a plenária, prevista para acontecer nesta sexta-feira (4), a partir das 18h, na Praça Porto Rocha, vai ser mantida.