Salas de aula lotadas serão, durante muito tempo, cenas do passado. Na nova realidade, as aulas presenciais vão dividir espaço com as virtuais - EBC
Salas de aula lotadas serão, durante muito tempo, cenas do passado. Na nova realidade, as aulas presenciais vão dividir espaço com as virtuaisEBC
Por Leonardo Maia
Campos — O primeiro semestre do ano letivo se foi e não há vislumbre de que as aulas presenciais, nas redes pública e privada, poderão ser retomadas em breve, diante do atual quadro da pandemia do coronavírus no Brasil. Mesmo assim, vários estados e municípios pelo país começam a discutir e a projetar a volta às salas de aula. Pelo menos em Campos, nem mesmo as escolas particulares, principais interessadas na reabertura, parecem dispostas a arcar com o eventual custo em vidas que um retorno precoce às atividades representaria.
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“Achamos que a volta às aulas presenciais agora é precoce. Não há segurança para isso no momento”, comenta Márcia Maciel, diretora pedagógica do Colégio Alpha. “A gente observa o que acontece no país e no mundo. Na França, eles reabriram as escolas e houve um surto de casos, e tiveram de interromper essa retomada”.
A creche escola Orla 1, no Jardim Carioca, em Campos. Prefeitura não prevê data para retomada das aulas - Reprodução da internet
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“Não vamos brigar para voltar antes que as autoridades competentes digam que há condições para isso”, ecoa Guto Verçosa, diretor do cursinho pré-vestibular Foco Academia de Estudos.
A depender da prefeitura de Campos, ainda há um longo caminho a percorrer para que as condições necessárias para que o burburinho animado dos pátios escolares volte a ser rotina. O pleno funcionamento dos colégios e instituições de ensino está vinculado ao avanço do plano de retomada da economia elaborado pelo gabinete de crise montado pelo prefeito Rafael Diniz para enfrentamento da covid-19.
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Nele, será preciso atingir a fase branca, a mais branda do ranking de classificação de risco da pandemia no município. Atualmente, Campos está na fase amarela, de atenção máxima. Será preciso chegar à fase verde e, posteriormente, à branca.
Parece que a Secretaria municipal de Educação não vai enfrentar grande resistência para seguir esse cronograma. Nem mesmo as perdas de receitas, com o cancelamento de matrículas, os descontos nas mensalidades e o aumento na inadimplência suplantam o temor dos danos que as aulas presenciais podem acarretar.
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“Temos muitos pais, com filhos de idades variadas, que não desejam que eles retornem para o colégio, porque ainda não veem segurança para isso”, conta Márcia. “Não posso dizer se é a maioria, mas é um número expressivo que diz que só vai permitir o retorno quando houver vacina”.
A Secretaria de Educação de Campos estipulou que as escolas só serão reabertas quando a cidade entrar na fase branca (quase normalidade) do plano de retomada da economia - Divulgação prefeitura de Campos
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E a questão é mais complexa do que apenas garantir a saúde de crianças e adolescentes. Há todo o universo de funcionários e professores que também estarão expostos à doença.
“Mesmo com uma eventual liberação, nós temos professores e até alunos que estão em grupos de risco, ou que moram com pessoas que estão no grupo de risco. Elas não se sentem seguras para voltar num futuro imediato”, reforça Verçosa.
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Assim, a direção das escolas tem se voltado para a elaboração de protocolos para quando todos esses obstáculos forem superados.
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“Estamos discutindo uma série de medidas que devemos tomar quando, de fato, pudermos voltar. Rodízio de alunos, sanitização de salas, verificação de temperatura, uso obrigatório de máscara, totem de álcool gel, mudança de horários, organização do fluxo de entrada e saída”, enumera Verçosa.
A direção do Alpha diz também que vai usar o período de recesso escolar, no fim deste mês, para montar um plano de voltas às aulas, mesmo ciente de que esse horizonte ainda está longe do alcance visual.
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O que é ponto pacífico entre todas as instituições é que, mesmo depois de superado o pior da pandemia, e quando as crianças e jovens puderem retornar para o ambiente escolar com segurança, ainda assim haverá uma nova realidade, em que as aulas presenciais vão dividir espaço com as virtuais.
A reportagem entrou em contato ainda com outras duas escolas. O Colégio Centro de Estudos, por nota, disse que “enquanto não houver uma mudança do cenário de pandemia, comprovado controle no número de casos no país e na cidade, bem como a validação do nosso sindicato, não há condições para o retorno. Queremos, acima de tudo, preservar a saúde de toda a comunidade escolar”.
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O Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora disse que não gostaria de se posicionar sobre a questão.