Fernando MansurO DIA

Sou um ser que sonha encontrar-se consigo mesmo, com sua real identidade. Tenho corpos que criei com o poder de minha vontade, através de ações, emoções e pensamentos. Estas entidades me acompanham e constituem minha personalidade, minha persona, ou máscara.
Mas quem sou eu, de fato, sob esse disfarce? O Carma é a Lei que ajusta causas a efeitos; somos seus desdobramentos ou repercussões. Por isso não há como fugir de si próprio, ou de nossa sombra, a não ser
lançando luz sobre ela.
Carregamos um feixe de tendências – ou de skandhas, como diz o Budismo. Nosso corpo, a capacidade de perceber, sentir e pensar são o resultado cármico de um passado longínquo ou próximo, atado ao nosso pescoço. Por exemplo: como lidamos com dinheiro? Somos avarentos ou desprendidos? Temos interesse em ajudar ou pensamos mais em receber?
Nossa saúde também é fruto ou reflexo daquilo que trazemos armazenado em nosso coração. O coração carrega nosso tesouro. Saibamos saborear a sobremesa que nos cabe, sem culpas ou ressentimentos, mas com discernimento. O equilíbrio é o caminho do meio, e é sobre essa corda que cada ser transita em sua existência.
Lá embaixo, o abismo dos excessos. Entretanto, em cada encosta uma árvore de esperança nos aguarda, com seus galhos firmes e doces frutos para nos sustentar, iguarias que restabelecem o peregrino extenuado e o preparam para prosseguir sua jornada.
Caminhar é preciso. Devemos. Com alegria pode ficar mais leve. Vamos!
Fernando Mansur