Fernando MansurO DIA

Leio o magnífico livro “Antônio Carlos Jobim – Um homem iluminado”, escrito por Helena Jobim, editora Nova Fronteira. A abordagem da autora revela aspectos inéditos e muito íntimos do irmão. Pequenos trechos: “A vida tem um sentido oculto, certamente. Fui criado em ambiente cético, de maneira agnóstica. Diante da natureza, sinto que toda a negação é ingênua, que Deus não nos teria criado para o nada.” ...
“A morte, o problema da morte, é outra questão sobre a qual não se pode deixar de pensar”. Tom fala na terceira pessoa: “A obra de Tom Jobim daqui a 50 anos, o que será? ... Penso que o futuro vai conhecer uma visão mais espiritual das coisas, o que talvez aumente o interesse pela obra de um Tom Jobim.”
“A criação é um ato de amor, alguma coisa que se comunica a toda a humanidade. Um artista não pode fazer nada que contribua para piorar o mundo. Acho que tenho deveres para com as pessoas com quem convivo.” ...
“O aprendizado é difícil, a gente tem que se reeducar para não violentar os outros e para não nos deixar violentar. Apesar de tudo, a vida pode ser agradável para quem gosta do que faz. Quando a gente ama o que faz, encontra meios de realizar. O amor cria uma capacidade.”...
A biografia vai contar, ainda que resumidamente, a trajetória deste grande ser que habitou nosso planeta entre 1927 e 1994. Vou continuar citando trechos dela na próxima coluna, priorizando fatos pouco conhecidos e mais espirituais, ou mais misteriosos, digamos assim. Como o dia em que um senhor negro, de cabelos brancos, aproximou-se de Tom para lhe vender uma rosa e lhe dizer, apontando para o copo de bebida: “Seu lugar não é aqui. Sua vida é predestinada. Não se perca.”
Fernando Mansur