Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Daniel Castelo Branco

Enquanto esperamos a nova onda de geosmina, aguardada nesse verãozão que se aproxima, vamos tentando sobreviver à nova cepa, Ômicron, da covid-19 que, provavelmente, surgiu na África do Sul e que já invadiu Europa e outros cantos distantes nesse mundão danado. Então, enquanto a milícia não chega aqui na área da minha caverna, vou cantando a 'Casa no Campo', do Zé Rodrix, música porreta de 1970, lembram?
Sobrevivente da violência, dos micróbios, viroses e bactérias, reforcei a barreira sanitária, instalei mais câmeras de vigilância e construí seteiras nos muros da propriedade. Visitantes suspeitos de portarem o vírus, vão passar por quarentena, de 14 dias, no bar do Refogado. O comerciante inventou a Batida de Salsaparrilha, uma versão alcoólica da vacina.

Aproveitei a Black Friday e aumentei o estoque de álcool (gel e líquido), incluindo aí o uísque, o Steinhaeger e a vodka. Afinal, amigas e amigos, ninguém é de ferro. E, como portador de um mal incurável, a velhice, tenho que me proteger por dentro e por fora.
Caramba! Acabei lembrando do milionário norte-americano Howard Hughes, que entrou na paranoia de se proteger de vírus e doenças transmissíveis, se trancou em apartamento de hotel e morreu recluso em abril de 1976, no Texas. Lembram dele? Novamente caramba: estamos a menos de um mês do Réveillon, com aglomerações garantidas nas praias, nas casas das famílias (no Natal, também), e pertinho do Carnaval. E a tal variante da covid-19, mais perigosa e mais contagiosa do que a Delta?
Vem pular nos festejos de final de ano aqui no Brasil? Ou já chegou? Lembram do Carnaval de 2020? Será que estou sendo pessimista ou entrei em paranoia também? Não chegamos a vacinar dois terços da população brasileira. A testagem foi pro brejo. Os aeroportos não têm controle. Os portos, idem. Os transatlânticos estão chegando, abarrotados de dólares e seus turistas. E, cá estamos, de braços e bolsos abertos, e sem máscaras.
Amigo meu, o Foch, tá enclausurado em Friburgo. Faz ele muito bem. Mantém isolamento draconiano. O Fred, faz a mesma coisa. Já o Nélson, fica doidinho para sair de casa. Mas, semana passada, depois de pisar no rabo do cão de estimação, ganhou uma mordida. Então, saiu de casa para visitar o médico e tomar medicação. Adiou as cervejinhas com os amigos.
O Júlio não tem outra saída: tem que ir trabalhar na oficina. Adilsinho bate ponto, quase que diário, no bar do Refogado. Fica distante da freguesia e retira a máscara nos momentos dos goles de uma mistura que só ele sabe a receita. O Cadu já avisou que vai se mandar, com a família, para passar temporada na roça. Ele me contou que comprou meio quilo de castanhas e 250 gramas de bacalhau para ajudar na ceia do Natal na casa da mãe dele. Esse rapaz é um mão aberta. 
O Thiago informou que vai ficar em casa, no Grajaú, compondo uns Rocks barulhentos. O mais recente amigo de infância, o Polido, fincou raízes na Região dos Lagos e continua por lá. Ele me confidenciou que distribuiu máscaras até para os pássaros que rondam a amendoeira do quintal. Notaram? Todos prevenidos neste final de ano. Os amigos respeitam as diretrizes das autoridades sanitárias.
Eu cheguei até a saber de ideia que chegou no grupo de Zap aqui da Água Santa, dos caras que não costumam sair do Rio de Janeiro: no quintal aqui da caverna, piscina de três mil litros, dessas de plástico,
cheia de álcool. Aí sim, poderemos confraternizar no Natal, Réveillon e Carnaval, sem perigo. Os amigos estão avaliando a sugestão. Em breve teremos a resposta. Ah, então, dei o meu pitaco, e fui bem claro, - Nada de adicionar suco de limão na piscina!