Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Agência O DIA

A tentativa de golpe do Pix na minha conta bancária, através de mensagem, me obrigou a sair da caverna. O meu bunker é seguro, mas as redes sociais, não. Será que o editor vai deixar eu mostrar o número do telefone que mandaram eu confirmar o tal Pix? Vou tentar: 08003300057.
Não tenho essa grana toda. Sou um "barnabé" do jornalismo. Mal consigo segurar os caraminguás para pagar contas. Os malandros sabem tudo dos correntistas, endereços, CPF, saldo, tipo sanguíneo, número do calçado, taxa da glicose etc e etc. Sabem mais que a patroa.
Mas, fui mostrar ao meu gerente a tal mensagem. Encarei as ruas frias, com as pessoas se esbarrando com guarda-chuvas, cheguei ao Méier. Com toda a chuva, encontrei um congestionamento de gente. Bandeiras com imagens de candidatos agitadas nos rostos dos pedestres, entregas e distribuição de santinhos das figuras que disputam um lugar em Brasília e na Assembleia do Rio, cartazes de "empresas" que compram ouro, carrocinhas com quentinhas (marmitas, com preços variando de R$ 10 a R $15), ambulantes oferecendo luvas, cachecóis, echarpes, gorros, sombrinhas e, enfim, a fila nos arredores na porta
da agência bancária. Faltou falar dos flanelinhas...
Ufa, que sacrifício. O celular não para de avisar que tem gente mandando recados. Ih, oferecem empréstimos. Escolado em furtos, roubos e ventanistas (ladrões que passam correndo e furtam o que está à mão), parei ao lado de três policiais fardados: "Bom dia, senhores. Vou parar ao lado de vocês porque preciso usar o celular. Ok? Fui bem recebido. Acho que a cabeleira branca ajudou.
Os velhos são alvos fáceis dos ladrões. Já nem uso relógio de pulso. Prefiro o de algibeira, escondido, presente de aniversário em um agosto que já vai longe.  Eu ainda tinha cabelos pretos. Aliás, tem gente que não acredita que já tive cabelos escuros.
Vou confessar um segredinho: minha aliança de ouro foi roubada em Copacabana. Entreguei diante de um argumento constrangedor, a faca na mão de um menininho de uns 13 anos de idade, assessorado por mais três outros meninos. A atual, é de aço, fácil de tirar do dedo.

Bolas, deixa eu voltar a minha ida ao banco. A intenção era alertar o gerente do tal golpe do Pix: "Que tal o banco fazer um alerta sobre esse golpe?". Caramba, a fisionomia do rapaz que me atendia nem mudou.
Parece que não é novidade. Bolas, peguei meu boné, agradeci o atendimento e bati em retirada. Meu saldo, quase positivo continuava quase positivo. Nunca usei o tal Pix e nunca pretendo usar. Nem faço compras pela internet. Sou um homem analógico, igual ao meu relógio.
E, logo busquei a segurança da minha caverna, cercado de vizinhos, de aves e longe dos golpes. Desconjuro! Caramba, ainda faltou varrer o quintal.