Como ele, cerca de 2 milhões de pessoas aguardam uma resposta do INSS para seus pedidos de concessão de aposentadoria, benefícios previdenciários e assistenciais, como auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade etc. A estimativa é que metade desse contingente esteja esperando há mais de um ano.
O grande problema não é o atendimento nas agências para protocolar os pedidos. O gargalo se dá na análise dos processos. Falta servidor especializado para avaliar o que dá entrada. Tudo agravado pela reforma da previdência, que mudou o sistema e seus cálculos de benefícios.
A crise afeta até pedidos menos complexos, que não demandam análise mais profunda. O acúmulo de solicitações de salário-maternidade aguardando resposta ultrapassaram 100 mil em janeiro, por exemplo.
Nos casos de aposentadoria, ela é responsável pela subsistência de muitas famílias. Uma crise do INSS afeta as pessoas mais necessitadas, penalizando os mais pobres.
Os benefícios assistenciais convencionais são concedidos a idosos com mais de 65 anos ou pessoas com deficiência que estejam em situação de pobreza ou necessidade (que vivam com menos de ¼ do salário mínimo). A solução dessa crise é fundamental para sobrevivência e dignidade de milhares de pessoas.
Um aspecto grave é que a crise é seletiva e reforça outros elementos de desigualdade. Foi noticiado que enquanto uma aposentadoria sai em 15 dias no serviço público, no privado a espera é de 125 dias em média.
Reportagem da “Folha de S.Paulo” informou que a gestão de aposentadorias e benefícios do executivo federal conta com um efetivo mais de 75 vezes superior ao disponibilizado pelo INSS para atender trabalhadores da iniciativa privada.
Esta semana, o novo presidente INSS, Leonardo Rolim, debateu a crise no atendimento ao cidadão e à advocacia com os presidentes de todas as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil durante o Colégio de Presidentes, realizado no Rio de Janeiro.
Rolim elencou fatores que levaram à crise, admitindo que o atendimento do órgão tem se deteriorado. E apresentou uma série de medidas emergenciais, incluindo a contratação temporária de servidores aposentados do próprio órgão.
Ele prometeu que em seis meses o INSS estará funcionando dentro de suas obrigações legais. O ideal seria que essa crise, que era evitável, não tivesse ocorrido. Não se pode esquecer que a morosidade e o não cumprimento do princípio constitucional da razoável duração do processo atenta contra a dignidade do trabalhador e os direitos do cidadão. Para quem precisa do dinheiro para sobreviver, seis meses é tempo demais.
Luciano Bandeira é presidente da OABRJ.