Por O Dia
Em várias partes do mundo, todas as noites, a população confinada em suas casas tem ido até as janelas e sacadas para aplaudir profissionais que vêm colocando em risco a própria vida na luta contra a Covid-19. É uma forma de agradecimento. A homenagem começou voltada para médicos, mas logo, dependendo do país ou cidade, outras profissões foram incluídas (de funcionários de limpeza urbana aos de supermercados).

É importante celebrar e valorizar aqueles que fazem a vida melhor, ou menos difícil. Nesta semana, terça-feira 7, foram celebradas duas atividades importantes e de alta relevância para a sociedade: a medicina e o jornalismo. Sim, o Dia Mundial da Saúde e o Dia do Jornalista são comemorados na mesma data.

Essa coincidência ganha evidência em um momento como este. A pandemia provocou uma crise profunda e inédita, criando uma disrupção no modo de vida da humanidade. Com ela, alguns experimentam ansiedade ou tristeza. Muitos, infelizmente, tem vivenciado grandes dificuldades financeiras. E, para diminuir a propagação do contágio e por medida de proteção, a maioria de nós está tendo que se submeter, mesmo a contragosto, a mudanças e adaptações na vida cotidiana.

Há entre nós, contudo, quem não possa se permitir isso. Os médicos e profissionais da saúde estão na linha de frente do combate contra a Covid-19, colocando a própria vida em risco para cuidar do outro. São inúmeros os casos aqui e no resto do mundo dos que foram infectados tentando salvar os doentes da pandemia. Muitos morreram. O caso mais emblemático é do médico chinês Li Wenliang, o primeiro a alertar para a nova doença que surgia em Wuhan, na China.

A emergência da Covid-19 serviu para quem muitos se reconciliassem com a Ciência. Depositamos nossas esperanças nas mãos dela, na de profissionais da área que buscam encontrar uma vacina, uma cura ou métodos e medicamentos eficazes para combater a Covid-19.

A crise é um lembrete de que o investimento constante em saúde, em pesquisa e na ciência não pode ser relegado. E também que, apesar das dificuldades e restrições orçamentárias, temos setores de ponta reconhecidos mundialmente, como a Fiocruz, recém-indicada pela Organização Mundial da Saúde, como laboratório de referência para o combate ao novo coronavírus nas Américas.

E sendo o Dia Mundial da Saúde, a quantidade de profissionais envolvidos é ampla. Cabem nela, por exemplo, os enfermeiros, responsáveis pelos primeiros contatos com os pacientes; ou os psicólogos, psicanalistas e psiquiatras que cuidam da saúde mental, e também são vitais na promoção da saúde e na prevenção de doenças.

Mas há mais. Nos últimos anos, advocacia à parte, poucas profissões tem apanhado tanto quanto o jornalismo. Levantamento da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert)contabilizou11 mil ataques ao jornalismo profissional no ano passado apenas nas redes sociais.

Mas a pandemia reforçou o papel do jornalismo como prestador de serviço, esclarecendo a população, trazendo informações daqui e do exterior sobre o combate ao vírus, difundindo as orientações das instituições de referência, desmentindo fake news (ainda mais prejudiciais quando associadas à saúde pública).

Direito à informação e à saúde continuam sendo pilares do Estado Democrático e essenciais para o desenvolvimento da sociedade.

Luciano Bandeira é presidente da OABRJ.