Por O Dia
Durante anos, o Dia do Trabalhador foi um pretexto para um feriado para todo mundo e shows organizados por sindicatos com distribuições de brindes para seus filiados.

Foi perdida a origem da data, que é simbólica e importante. Foi instituída a partir de uma greve em Chicago, em 1¬º de maio de 1886, por melhores condições de trabalho que terminou com muitas prisões e mortes. Ela inspirou manifestações semelhantes em diversas partes do mundo a favor dos direitos dos trabalhadores, como descanso semanal, melhores salários e redução de carga horária.

A situação muito evoluiu de lá para cá, mas nos últimos anos houve um aumento da precarização das relações trabalhistas. A supressão dos empregos se deveu há muitos fatores, entre eles o avanço da tecnologia.

Essa pressão aumentou consideravelmente com a pandemia. Para além das demissões em massa, o país se surpreendeu com a quantidade de pessoas que solicitou o auxílio emergencial do governo, superando as estimativas iniciais: quase 50 milhões de brasileiros até o início dessa semana. Muito desse contingente sobrevivia invisível às estatísticas governamentais, vivendo nas franjas da sociedade economicamente ativa.

A pandemia global tem nos forçado a nos adaptar a uma nova realidade. E temos sido obrigados a olhar muitas situações sobre outros enfoques. Muitos problemas têm surgido, mas algumas perspectivas positivas também. Talvez a principal tenha sido a imensa rede de solidariedade que está sendo tecida no Rio, no Brasil e no mundo para ajudar quem está mais fragilizado.

Essa compreensão de pertencimento a uma comunidade, em que precisamos criar condições melhores para todos, que não adianta ficar bem se muitos estão sob risco, tem sido o melhor ensinamento dessa grave crise.

É verdade que acrise tem atingido a quase todos, mas ela fere cada um de formas e intensidades diferentes, em função de circunstâncias individuais e socioeconômicas.

Se trabalhadores estão sendo imensamente afetados pela crise, diversas empresas e empreendedores também.

Essas relações estão hoje sob imenso stress. Caberá à Justiça do Trabalho, e à advocacia trabalhista, a tarefa de mediar esses conflitos e de reequilibrar o jogo, ajudando a recuperar o pais e a economia pós-pandemia. Terão a difícil tarefa de defender os trabalhadores e buscar soluções para os empregadores.

Por isso, o fortalecimento da Justiça do Trabalho é crucial não só para a retomada econômica, mas também para a estabilidade e paz social.

A pandemia está mudando a todos nós. Que quando isso tudo passar, nós nos tornemos melhores, individualmente e coletivamente.

Luciano Bandeira é presidente da OABRJ.