Por O Dia
A enorme evolução da indústria alimentícia nas últimas décadas, com maior quantidade e diversidade de produtos, propiciou o desenvolvimento de técnicas importantes para transformar os alimentos industrializados que compramos e consumimos. Alguns elementos e nutrientes são adicionados para realçar o sabor, melhorar a aparência ou como conservante para prolongar o período de vida útil em que o alimento pode ser consumido. Entretanto, alguns desses elementos, em excesso, podem provocar sérios problemas de saúde.

Nos últimos anos aumentou a consciência da sociedade em relação à essa questão. E, como consequência, a indústria alimentícia, legisladores e os organismos de vigilância passaram a sofrer maior pressão para tratar desse tema de forma mais clara, informativa e transparente. Para que o consumidor soubesse exatamente o que está ingerindo.

Pois, esta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma norma que prevê maior destaque nos rótulos para três ingredientes que podem ser nocivos à saúde: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio.

Essa é a mudança mais relevante. Mas a atual tabela de informação nutricional, usada nas embalagens, sofrerá outras alterações. A identificação de açúcares totais e adicionais, bem como o valor energético e nutricional por 100 g ou 100 ml, será obrigatória, por exemplo.

A mudança é fruto de discussão e debate com a sociedade e com a indústria, levando em consideração práticas bem sucedidas em outros países. Haverá um prazo de dois anos para que as empresas se adaptem aos novos procedimentos. As familiares e de pequeno porte terão o dobro do tempo para isso.

Com a nova regra, os rótulos dos produtos terão que adotar uma lupa para informar se há alto teor de alguns dos três nutrientes.

Na maioria das vezes, sem nos darmos conta, ingerimos produtos industrializados em que alguns desses elementos estão presentes em concentração elevada. Um exemplo: um simples pacote de macarrão instantâneo contém 62% de todo o sódio recomendado para um dia em uma dieta média. O sódio é um componente que está presente no sal. Sua ingestão excessiva é a principal causadora da pressão alta. E está diretamente ligado ao aumento substancial do risco de doenças cardiovasculares e renais, entre outras.

A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de 5 gramas de sal por dia, no máximo. Mas, no Brasil, a média é de 12 gramas. E ingerimos muito sódio de forma “indireta”, sem adicionar sal na comida, apenas comendo produtos industrializados que contém sódio, que é usado até em produtos doces, como biscoitos.

Essa alteração é uma grande vitória para o consumidor, que poderá ter hábitos mais saudáveis e mais informação para preservar sua saúde. A advocacia estará a postos para ajudar a fazer valer essa norma.
 
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Luciano Bandeira é presidente da OABRJ