Por O Dia
Em 1994, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) proclamou o dia 5 de outubro como Dia Mundial dos Professores. Essa data não “pegou" no Brasil e não é celebrada nesse dia por aqui. A razão é simples. Nós já celebrávamos essa efeméride há mais tempo, também em outubro, mas no dia 15.

Ela foi oficializada inicialmente em Santa Catarina, graças à jornalista e professora Antonieta de Barros, primeira mulher negra a ser eleita no Brasil para um cargo no Legislativo. Filha de uma escrava liberta, ela se tornou deputada estadual em Santa Catarina em 1934 e foi reeleita após o fim do Estado Novo.

Alfabetizada tardiamente, ela passou a lecionar e criou um curso para ensinar adultos carentes a ler e a escrever. Daí, passou a dar aulas em outros colégios e a assinar colunas em jornais, como defensora da educação e da emancipação feminina. Seu sonho, não realizado, era ter cursado Direito e se tornado advogada.

Foi um projeto de lei de autoria de Antonieta que instituiu o Dia do Professor e o feriado escolar em 15 de outubro, em 1948, há 72 anos. Embora abrangesse apenas Santa Catarina, foi a primeira lei nesse sentido. Em 1963, o presidente João Goulart oficializou essa efeméride em todo o país por meio do decreto 52.682 - quase meio século antes da Unesco.

O artigo 3º do decreto explica o motivo: "Para comemorar condignamente o dia do professor, aos estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias."

Enaltecer os mestres nunca é demais. Todos temos histórias de professores que fizeram a diferença. Quantos de nós ainda somos capazes de lembrar com carinho do nome de uma professora ou professor da faculdade, do colégio ou até mesmo da alfabetização? Um bom professor ensina. Um professor excepcional inspira. Precisamos de ambos.

A maior contribuição de um mestre vai além de ensinar sobre tabelas periódicas, conjugações verbais, tratados geopolíticos ou cálculos fatoriais. Ele ajuda na formação da personalidade, no gosto pelo aprendizado e pelo conhecimento, no interesse por uma carreira, na paixão por um tema.

E a educação ainda é a forma mais efetiva de desenvolver o indivíduo e a sociedade, do ponto de vista social, econômico e cultural. Basta vermos os diversos exemplos de países que se reergueram investindo na educação. Não há nenhum país rico no mundo em que o sistema educacional não seja forte. E o professor é o centro desse processo.

Vale lembrar as palavras antigas de um brilhante advogado, que tanto tem nos ensinado há mais de um século, sobre a importância da educação. Em "Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública", publicado em 1883, Rui Barbosa (1849-1923) defende:

“Todas as leis protetoras são ineficazes para gerar a grandeza econômica do país; todos os melhoramentos materiais são incapazes de determinar a riqueza, se não partirem da educação popular, a mais criadora de todas as forças econômicas, a mais fecunda de todas as medidas financeiras”.

Luciano Bandeira é presidente da OABRJ