Por O Dia
Nesta quinta, dia 4, o Rio de Janeiro se tornou a cidade com maior número de mortes por Covid-19 no país. Chegamos a 17.535 mortes desde que o primeiro caso foi diagnosticado no Brasil, em 25 de fevereiro do ano passado. De lá para cá foram mais de 9,3 milhões de infectados e quase 230 mil mortos em todo o território nacional. Estamos há mais de 15 dias tendo mais de mil mortos por dia.

Como sabemos, o Brasil é o segundo país com o maior número de mortes por Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas, se levarmos em conta o número de mortes pelo tamanho da população, há outros países com melhor situação econômica e menor desequilíbrio social com uma taxa de mortalidade maior, como Reino Unido, Itália, Espanha, Portugal e França, além dos Estados Unidos, segundo estudo do Centro de Pesquisas da Universidade John Hopkins, que é referência no assunto.

A taxa de mortalidade por número de infectados no Brasil é de 2,4%, mas semelhante a da França (2,3%), Argentina (2,5%) ou Canadá (2,6%).

No entanto, observar o comportamento da pandemia em diversos países mostra como não há um padrão único. Na Itália, foram duas ondas até agora. A primeira teve seu pico em abril. A segunda atingiu o ápice em novembro com quase 5 vezes mais casos em relação à primeira. Na Indonésia o crescimento foi praticamente contínuo e o auge foi atingido no mês passado.

Mas, apesar desses números, das vidas perdidas e do cansaço com a situação, há uma boa razão para ter esperança: a vacina.

Divulgadas esta semana, as informações vindas de Israel, um dos países mais adiantados na vacinação, inclusive da segunda dose, são promissoras. A imunização em massa aponta queda significativa de infecções e internações, especialmente nas pessoas acima de 60 anos. Especialistas avaliam que é a vacinação, não apenas o lockdown, responsável por essa diminuição. Um dos motivos é que a redução de casos está sendo muito mais acentuada agora do que nos lockdowns anteriores.

Até dia 3, entre cerca de 750 mil vacinados com mais de 60 anos, 569 pessoas testaram positivo após as duas doses: 531 com sintomas leves e somente 38 tiveram que ser hospitalizados. Os dados do Ministério de Israel mostram que o número de infecções caiu ainda mais depois de duas semanas após o início da vacinação.

Até final de janeiro Israel distribuiu 5 milhões de doses para uma população de 9 milhões. Cerca de 1 milhão receberam as duas doses. E, por enquanto, continua vigente a orientação para que, mesmo os vacinados, mantenham distanciamento social e o uso de máscaras.

Por aqui, vamos receber o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir, pela Fiocruz, as vacinas da AstraZeneca/Oxford. E haverá transferência de tecnologia para que esse insumo seja feito aqui. A expectativa é que, só pela Fiocruz, sejam produzidas 100,4 milhões de doses até julho deste ano e 210,4 milhões até o final do ano. É um passo fundamental para que possamos voltar à normalidade, reabrir completamente o comércio, os fóruns, retomar a vida e a economia.
*Luciano Bandeira é presidente da OABRJ