cardumefoto de divulgação da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas

Até o momento 10 estados brasileiros assinaram o Compromisso Global por uma Nova Economia dos Plásticos durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que acontece, em Lisboa, Portugal. O objetivo principal é acabar com as ilhas desse produto que se agrupam de forma imensa nos oceanos, principalmente por garrafas Pet e objetos feitos com essa matéria-prima que podem levar mais de 400 anos para se decompor.  Estranhamente o Rio de Janeiro não aparece nesta lista, apesar de ter um amplo litoral e grande parte de seus recursos vir do mar, a chamada economia-azul, como petróleo, pesca, cabotagem, turismo e lazer.
O Brasil defende a criação de um tratado global para reduzir a poluição causada principalmente por plásticos e microplásticos. O país tem uma área marinha de 5,7 milhões km2, sendo que 27% da área protegida, mas não livre dos efeitos desses derivados do petróleo transportados pelas marés. Só para se ter uma ideia, aproximadamente 1/3 do plástico produzido no Brasil vai parar nas águas salgadas. Em termos proporcionais é como se cada brasileiro seja responsável por jogar 16 quilos do produto nas correntes marítimas.

Esses dados fazem parte de um estudo inédito desenvolvido pelo projeto Blue Keepers, do Pacto Global da ONU no Brasil, com apoio do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) apresentado em Lisboa.
"O estudo traz estimativas sobre a realidade brasileira em relação ao caminho que os resíduos percorrem até chegar ao mar, sinalizando estratégias que podem ser analisadas com os municípios com maior urgência e eficácia", afirma o professor da USP, Alexander Turra.

Além da prevenção e combate ao lixo no mar, Camila Valverde, do Pacto Global da ONU lembra que a descarbonização, assim como o mapeamento e transporte marítimo são pautas que precisam avançar no Brasil.
"O setor privado tem uma missão de contribuir para o atingimento de todos os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável], que estão todos interligados. Contribuindo com ODS de Vida Marinha, também contribue com saneamento, produção e consumo sustentável”.
Estados comprometidos
No Brasil, dez estados já se engajaram: Alagoas, Bahia, Ceará Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e São Paulo. A expectativa é de que outros possam se comprometer oficialmente até o final da Conferência, na noite desta sexta-feira. 
Durante a reunião em Portugal, foi anunciada a cidade brasileira de Santos, no litoral paulista, como sede de outro evento mundial sobre Cultura Oceânica, também promovido pela Unesco. A perspectiva é de receber representantes de 25 países, entre os dias 10 e 15 de outubro deste ano.
Ambientalistas presos

Dez ativistas da ONG ambiental Greenpeace foram expulsos do evento. Eles reivindicam uma ação mais enérgica para proteção dos ecossistemas marinhos. Os manifestantes foram presos quando tentavam colocar faixas gigantes em outdoors localizados na porta da Conferência.

Ao final da Conferência, deverá ser divulgado o acordo final firmado entre os países-membros em prol da vida marinha e da recuperação do ecossistema. 
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