Dia da Amazônia sem ter o que comemorarfoto de divulgação Greenpeace
Para culminar ainda mais o caos recente, os assassinatos do jornalista e do indigenista - Dom Phillips e Bruno Pereira, que tiveram repercussão internacional, mas não são fatos isolados. A eliminação dos defensores ambientais é uma rotina histórica que já vitimou Chico Mendes e a freira Dorothy Stang. Para cada crime que ganha notoriedade, uma quantidade muito maior fica no anonimato e na impunidade.
Agressões
O mês de agosto foi encerrado com a marca de mais um triste recorde desde 2019: 33.116 focos de incêndios, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Se estendermos um pouco mais essa linha do tempo, entre agosto de 2021 e julho passado, foram desmatados 10.781 mil km², contabilizados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente. Ou seja, o maior índice em 15 anos. Em termos comparativos, essa área devastada equivale a sete vezes a cidade de São Paulo.
Esse problema vem se agravando desde 2019. A perda acumulada de lá para cá chega a 21% da área da floresta.
A mais ameaçada
A área conhecida por Amacro concentra 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. Esse trecho registrou 36% de destruição nos últimos 12 meses. Na região ocorre a expansão do agronegócio, acusado pelos ambientalistas de derrubar quase 4 mil km² de florestas no período de agosto de 2021 e julho de 2022.
Por que 3 de Setembro?
Embora os eventos se estendam por todo o mês, essa data específica foi legitimada em 2007 através da Lei nº 11.621, expedida para coincidir com o dia em que D. Pedro II criou a província do Amazonas, em 1850. O objetivo é chamar a atenção para a importância desse bioma para o Brasil e para o restante do mundo, reafirmando a necessidade de preservação.
Bacia Hidrográfica - A maior do planeta. Destaque para o rio homônimo que possui mais de 10 mil afluentes. Através dele chegam um quinto das águas doces que desaguam nos oceanos do mundo, garantindo o equilíbrio e o Ph dos mares. O Rio Amazonas também influencia diretamente no regime de chuvas em toda a América do Sul, incluindo países que não se localizam nesse bioma, como o Chile.
Floresta: Dentro do bioma localiza-se a maior do planeta! O território abrange nove países da América do Sul: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Do total de 7 km², cerca de 5,5 milhões de km² correspondem à Floresta Amazônica. O bioma perpassa por três regiões do Brasil: Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Eventos reverenciam a data
Como forma de conscientização acontecem festivais em oito regiões: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, São Luís, Manaus, Belém, Macapá e Santarém. Além de ressaltar os problemas, a “Virada Cultural Amazônia em Pé” busca assinaturas. Desta forma, incluir no Congresso Nacional a apreciação do projeto que propõe que parte de terras desprotegidas fiquem aos cuidados de populações indígenas, quilombolas, comunidades de pequenos extrativistas e virem unidades de conservação da natureza. Para isso, são necessárias 1,5 milhão de adesões físicas.
Link com artigo completo sobre o tema: https://odia.ig.com.br/colunas/luiz-andre-ferreira/2022/08/6474968-amazonia-e-aqui.html
Está sendo lançada a “Carta de Alter” elaborada durante o Fórum Amazônia Sustentável realizada em Alter do Chão, no Pará. O encontro reuniu povos e comunidades originais. O documento traz propostas emergenciais para manter a floresta viva e está sendo oferecido como adesão de compromisso para os candidatos nessas eleições.
Ao todo são 14 itens agrupados em três premissas e valores para garantir o protagonismo das comunidades tradicionais: o respeito aos povos da floresta e suas tradições; garantir a conectividade e diversidade ambiental e social; referendar as propostas prioritárias elaboradas pela Justiça Socioambiental.
Já Dione Torquato, secretário do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), referenda o protagonismo das comunidades locais impressa na ‘Carta de Alter’.
“Nós acreditamos que, para manter a floresta em pé, é fundamental que protejamos os seus defensores, que são os povos e comunidades tradicionais da Amazônia. Essas populações precisam ter seus direitos constitucionais garantidos, com proteção dos territórios e respeito à sua autodeterminação.”
O documento completo com o detalhamento das propostas pode ser acessado no link: https://www.ethos.org.br/conteudo/carta-de-alter/
Nessa região está em andamento um projeto de desenvolvimento sustentável que já impactou a vida de 3.500 pessoas. Foram investidos R$16,8 milhões através dos apoiadores, como: USAID, Natura e Coca-Cola. O programa ainda contribui para a conservação da biodiversidade e aprimora a gestão territorial de mais de um milhão de hectares.
É desenvolvido na área conhecida como Médio Jurá e atua em várias frentes simultâneas: empreendedorismo feminino, manejo sustentável de pirarucu, proteção de espécies de quelônios (tartaruga, tracajá e iaçá), implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), fornecimento de energia elétrica e de redes de comunicação, como rádio e internet.
Livro: Compondo o calendário de alusões, está sendo lançado “Caminho dos Ventos”. Aborda parte do cotidiano da região tendo como base a luta dos sertanejos nordestinos atraídos pela extração da borracha. Segundo o autor José Ribamar Garcia, cada passagem do livro existiu de verdade e o caminho traçado por eles ajudou a moldar a trajetória de milhões de vidas. "Personagens reais que vivem dentro e fora da floresta, com sua vasta e indescritível biodiversidade".
Cinema: O filme “Amazônia Eterna”, de Belisario Franca, faz parte da seleção “Dia da Amazônia” do streaming Curta!On – disponível na ClaroTV+ e no site corporativo. O documentário mostra como nove projetos para o uso sustentável podem beneficiar a população local e ainda promover parcerias economicamente vantajosas. A proposta é apresentar uma nova visão sobre as possibilidades de convivência harmônica entre a chamada “economia verde” e o ecossistema amazônico.
“Nós somos guardiões da maior biodiversidade do planeta com nossos saberes, costumes, tradições e cultura. Somos vozes diversas que se desenvolvem de forma única nos territórios desse universo verde”, diz o idealizador do projeto Silvan Galvão.
Amazônia no Rock in Rio
Artistas da região ganharam um espaço exclusivo no Festival carioca. Entre elas: Fafá de Belém, Mestre Solano, Aíla, Guitarrada das Manas, Nic Dias, Victor Xamã, Pantera Black, Keila, DJs do Surreal Crocodilo, Suraras do Tapajós, além dos DJs Will Love, DJ Waldo Squash e DJ Méury.
A estrutura é uma cocriação dos organizadores em parceria com a Natura, buscando a aproximação do público de uma Amazônia contemporânea. O palco Nave ocupa a Arena 3 durante os 7 dias de programação na Cidade do Rock. São sessões que combinam experiências audiovisuais, momentos musicais e performances.
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