Direção na Terceira Idadefoto de divulgação Fundación MAPFRE

Apesar de cada vez em maior número e mais atuantes, com grande peso no poder de compra com forte impacto no mercado consumidor, as cidades não estão preparadas para abrigar pessoas com mais idade. Mesmo com o aumento da expectativa de vida, maior vitalidade e aposentadoria mais tarde, raramente são incluídos ou levados em consideração na elaboração de políticas públicas.
As dificuldade de mobilidade, o risco de quedas nas ruas esburacadas e desniveladas, o medo da violência e do abandono, estão entre as principais vulnerabilidades. 
A exclusão social fica bem nítida na pesquisa inédita no Brasil feita pela Fundación MAPFRE, intitulada “Adeus às chaves: perfil, segurança e o momento da transição" auferida no Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e São Paulo.
Perda dos reflexos na direção
Um dos dados mais significativos em termos de comparação é o que aponta que 60% dos mortos no trânsito são idosos, embora essa faixa etária seja a que menos se desloque, situação que se agravou com a pandemia da Covid-19. Isso tanto na condução de veículos como em atropelamentos.
Embora cada vez mais saudáveis e praticantes de exercícios físicos, cerca de 5% a 13% das pessoas entre 60 e 70 anos apresentam uma diminuição expressiva da massa muscular. Já naquelas com mais de 80 anos, pode chegar a 50%.
“O ato de dirigir, para as pessoas idosas, é sinônimo de autonomia e independência para realizar atividades do dia a dia, como se locomover até o trabalho, ter momentos de lazer, autocuidado e saúde. Contudo, com o processo natural de envelhecimento, podem ocorrer perdas sensoriais e cognitivas importantes, que influenciam na capacidade do indivíduo idoso para dirigir”, afirma Fátima Lima, representante da Fundación MAPFRE no Brasil.
Mas não são só por questões motoras ocorrem os acidentes no trânsito entre os mais velhos. Eles também são provocados pela infraestrutura ruim e a má sinalização nas ruas. O mesmo estudo aponta a necessidade de se desenvolver um modelo de mobilidade seguro para essa faixa etária com um trânsito menos violento e mais acessível. 
Embora apresentem maior expectativa de vida, as mulheres são minoria entre os habilitados a dirigir em todas as faixas etárias, mas conforme envelhecem, essa diferença vai ficando ainda mais acentuada. Essa proporção cai dos 44% para 13% para as de 91 anos ou mais.
Efeito Pandemia
A sondagem aponta que mais de 70% dos idosos iam às ruas mais de três vezes por semana, reduzindo em 30% após o surgimento da Covid-19. Atualmente, mais de 10% no país não saem mais de casa.
Trabalho idoso
Se aposentando cada vez mais tarde, o trabalho era um dos que mais aparecia como motivo para os deslocamentos, o que diminuiu com os regimes home office e híbrido. Nesse período pós pandemia caiu em 71% - em Salvador e 45% - em Recife, as visitas a familiares, que eram realizadas, em média, até três vezes por semana. Essa queda ainda impacta na sociabilidade e na rede de apoio, deixando os idosos ainda mais distantes dos parentes e amigos.
Tipo de Transportes
O uso do ônibus foi o que teve maior redução, chegando a apenas 24% em Porto Alegre. Automóveis particulares e motos praticamente mantiveram os mesmos índices nas capitais analisadas. Já taxis e aplicativos registraram queda mais acentuada no Rio de Janeiro, passando de 45% para 23% em uso. Já a caminhada, que já era mais mencionada por essa faixa etária, praticamente se manteve em todas as cidades.
Medo da violência
A sensação de insegurança, como o pavor de ser assaltado ou agredido são fatores relevantes na decisão de evitar sair de casa. Em todas as capitais é alta a quantidade que se sente vulnerável, sendo 64% em Recife, metade em Salvador, 44% no Rio e 41% em São Paulo. A capital com menor número de idosos com medo da violência externa é Porto Alegre, com 34%.
Link para ter acesso a pesquisa completa
https://documentacion.fundacionmapfre.org/documentacion/publico/pt/bib/180674.do?queryId=19232