Anitta: cantora, compositora e empresáriafoto de divulgação
Não é que não existam ou não tenham significância, muito pelo contrário. O que faltam são oportunidades iguais. Correndo a linha do tempo, não podemos esquecer de talentos para escrita musical como: Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran, Teresa Tinoco, Isolda, Suely Costa, Marina Lima, Adriana Calcanhoto... e muitas outras.
“Ao longo destes ininterruptos anos de prática na profissão, percebo que as mulheres são mais bem vindas no lugar de intérpretes do que compositoras, técnicas ou instrumentistas” resume Laura.
“A mulher sempre será hiper sexualizada pela sua performance, mesmo não sendo o intuito do trabalho. Então, quebrar essa imagem e ideia de que para fazer sucesso precisa expor o corpo é um dos maiores obstáculos de uma mulher dentro do meio musical”, explica.
"Quero dizer que até as mulheres são 'machistas' nesse sentido. Não acreditam ou não querem dar moral para outra mulher. As cantoras consideram que seria uma rivalidade gravar músicas de mulheres."
“Eu tive oito gravadas pela cantora Alcione, porém, já mandei músicas para diversos cantores homens e, por enquanto, não obtive êxito”- testemunhou.
“Fazer música não é só gravar, masterizar e subir na plataforma. Isso exige tempo, dinheiro, dedicação e coisas que vão além da voz. O mercado musical precisa amadurecer e valorizar. Muitas que hoje, como a Anitta, começaram bem simples e estão construindo uma linda história”, salienta Sarah.
A nossa coluna teve acesso a um compilado de sondagens colhidas por sete associações que compõem o ECAD intitulado “O que o Brasil ouve – Edição Mulheres na Música" em que essas dificuldades aparecem evidenciadas através de vários números. Em 2021, foram distribuídos R$ 901 milhões em direitos autorais e deste valor, as mulheres receberam apenas 7%.
"Os dados apontam para um longo caminho a ser percorrido em prol de uma total igualdade de gênero nesse mercado, mas é fundamental ter um estudo que apresente a relevância e a participação da mulher” – sintetiza Isabel Amorim - superintendente executiva do Ecad.
A arrecadação entre elas vem aumentando, mas ainda de forma muito lenta. Apesar da presença esmagadora dos homens, a força feminina dobrou de 2020 para 2021, saltando de 2% para 4%.
Das cem mais ouvidas no ano passado, apenas 27 trazem mulheres na assinatura. Entre os 19 nomes que aparecem, o destaque é Lari Ferreira. A dona das populares “Eu sei de cor”, “Vidinha de balada” e “Romance com safadeza”. está presente neste ranking com oito registros.
Em seguida, empatadas com 3 canções: Anitta, a dupla Day & Lara, Dayane Camargo e Lara Menezes. As demais, aparecem uma única vez: Lea Magalhães, Maraísa, Marcia Araújo, Simaria, Simone, Paulinha Gonçalves, Iza, Waléria Leão, Fernanda Mello, Wynie Nogueira, Paula Mattos, Vanessa da Matta, Valéria Costa, Izabella Rocha e Gabriela Melim.
A pesquisa ainda sinaliza que, embora ainda em números muitos tímidos, o segmento que mais abre espaço para elas é o de execuções nos meios de comunicação tradicionais. Nas emissoras de rádios, conseguiram 30,9% em canções veiculadas. Em seguida, figurando no segundo e terceiro lugares, aparecem a TV aberta - com 16,3% e a TV Fechada - com 12,7%. Porém, ainda numa inegável porcentagem desproporcional.
Exclusão feminina em eventos ao vivo
Na outra ponta, entre os segmentos em que as mulheres menos recebem recursos de arrecadação por execução de suas obras, são os eventos presenciais: Festas Juninas 0,5%, Música ao Vivo 0,8% e Carnaval com 1,2%
Falando no samba...
Neste ramo, a situação não é diferente. Muita luta e dificuldade sofreram as desbravadoras Dona Ivone Lara e Lecy Brandão para conseguirem furar o bloqueio entre os compositores das tradicionais Império Serrano e Mangueira. E mesmo assim, com talentos incontestáveis e muitas de autorias fora dessas agremiações, não conseguiram emplacar, na mesma proporção, sambas-enredos entre os finalistas para serem levados para a avenida. E não abriram as porteiras, com o ingresso fácil, para outras mulheres nas alas de compositores que continuam com o cast predominantemente masculino nas Escolas de Samba
Sertanejo também machista
"Quando Marília, Maiara e Maraisa e eu, estávamos em um grande momento de composição, nos juntávamos para fazer músicas, nosso movimento do chamado “feminejo” aconteceu porque lançamos juntas, cada uma com sua verdade, cada uma participando do repertório da outra. Isso abriu caminho para todas as mulheres que vieram depois de nós. Falta mais união das mulheres, se não unirmos o movimento, ele pode enfraquecer, pois perdemos nossa principal figura que era e sempre será a Marília, essa é minha opinião e uma busca que tenho, união".
Apesar de muitas letras na bagagem, entre elas a assinatura do mega sucesso com o refrão "Toma 50 Reais", Waléria Leão acha que ainda tem muito o que lutar para equilibrar os espaços.
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