Pauta sobre o fim da política de cotas. Entrevistas e personagens na UERJ. Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Nessa primeira década, os resultados da pesquisa apontam que 83% dos cotistas entrevistados influenciaram amigos e parentes a também estudarem. Para 95%, o ingresso foi motivo de orgulho para a família e 46% declararam que foram as primeiras pessoas do seu grupo a cursar o ensino superior, materializando sonhos de várias gerações de excluídos.
"Através desse estudo, descobrimos que as ações afirmativas transformam a realidade dos estudantes, não só de forma individual, como também coletiva”, comenta Gabriel Milanez, vice-presidente e estrategista da Box1824, realizadora da pesquisa.
"Essa primeira geração de cotistas da lei federal está conquistando trabalhos e rendimentos inéditos dentro de suas famílias, tornando-se referências dentro dos seus círculos próximos e motivando outras pessoas a tentarem seguir caminhos semelhantes", ponderarGabriel Milanez.
Dados do IBGE, mostram que apenas 21% dos brasileiros, entre 25 e 34 anos, possuem o Ensino Superior completo e 90% dos brasileiros têm renda inferior a R$ 3,5 mil por mês.
“A Lei de Cotas já transformou a vida de milhares de pessoas e é importante que esse processo abra caminhos para inclusão de mais jovens'', explica Leizer Pereira, CEO da Empodera - empresa que encomendou a sondagem.
O desafio da permanência
No entanto, essa fase inicial da experiência com cotas são suficientes para deixar claro que não basta o acesso. Embora algumas ações complementares tenham sido implementadas nessa década, algumas por iniciativas das próprias instituições de ensino, muitos acabam não concluindo por falta de condições financeiras para se manter estudando.
Em 10 anos, a pesquisa mapeou 10 efeitos da política de cotas e mapeou diagnósticos e recomendações para os principais gargalos detectados.
Crescimento Social
Para 75%, o ingresso no ensino superior fez aumentar seu ciclo de amizades e contatos profissionais. A formação universitária também permitiu o acesso a empregos menos precarizados e a uma estabilidade financeira muitas vezes inédita para suas famílias. Após o término da graduação, 73% dos cotistas declararam que estão trabalhando, destes, 80% são CLT.
Preconceitos e e restrições continuam após a formatura
Mas as desigualdades que afunilam a acesso ao nível superior não desaparecem após receberem o diploma. Com o fim da graduação, os cotistas enfrentam novas experiências de exclusão: desigualdade no ingresso na área de formação, manter estabilidade nos cargos e, principalmente, conseguir a ascensão profissional através de promoções.
Isso faz com que jovens profissionais altamente qualificados precisem migrar para outras áreas, a se submeterem a estagnação ou até a terem que se submeter a salários mais baixos.
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