Sistema conta com mais de R$ 17 bilhões de consorciados que foram contemplados e ainda não utilizaram o valor para a compra do imóvel. Nicho a ser explorado por construtoras e imobiliárias no país - Freepik
Sistema conta com mais de R$ 17 bilhões de consorciados que foram contemplados e ainda não utilizaram o valor para a compra do imóvel. Nicho a ser explorado por construtoras e imobiliárias no paísFreepik
Por Cristiane Campos
O consórcio de imóveis continua sendo uma boa opção para a compra da casa própria mesmo com a crise que estamos vivendo. O setor registrou, em agosto, recorde do ano e dos últimos 15 anos ao contabilizar 37.440 cotas. Ainda sofrendo influência da pandemia, o segmento vem reagindo, inclusive com expressiva alta de 20,8% no tíquete médio, que passou de R$ 155.620, em agosto de 2019, para R$ 187.920 na comparação com o mesmo mês deste ano. Também houve 16,5% de aumento nos créditos comercializados, de janeiro a agosto, totalizando R$ 35,35 bilhões contra R$ 30,35 bilhões dos oito primeiros meses de 2019. Os números são da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). Atualmente, o segmento imobiliário conta com 988.550 participantes ativos.

Segundo Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac, há quase seis décadas o sistema de consórcios tem sido um dos alavancadores da economia. Da adesão à contemplação, a modalidade contribui direta e indiretamente para o planejamento da produção, disponibilizando créditos que impulsionam os diversos setores econômicos. "Para os contemplados, as vantagens são inúmeras, tais como créditos com valores atualizados que, de outra forma, com as baixas taxas de juros das aplicações financeiras, demandariam maior tempo para serem formados. Outra vantagem é o poder de compra à vista, o que propicia a negociação de descontos e, por fim, parcelas compatíveis com a capacidade de pagamento de cada um", explica Rossi.

O sistema também permite a utilização do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) desde que o interessado não tenho imóvel próprio. De janeiro a agosto, 2.182 consorciados-trabalhadores, participantes dos grupos de consórcios de imóveis, utilizaram parcial ou totalmente seus saldos nas contas do fundo para pagar parcelas, ou quitar débitos, bem como ofertar valores em lances ou complementar créditos, somando pouco mais de R$ 102,83 milhões, de acordo com a Caixa.

Na modalidade, a aquisição do bem acontece por sorteio ou lance para conseguir o imóvel mais rápido. Os consorciados pagam taxa de administração, fundo de reserva e seguro. Anualmente, as parcelas e o valor da carta de crédito são corrigidos por um índice de inflação. O modelo não cobra juros e os prazos de pagamento são flexíveis e dependem da capacidade de pagamento mensal do consorciado.
Mais de R$ 17 bilhões já disponíveis para compra
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Outro dado que se destaca no consórcio de imóveis são os chamados "créditos pendentes de utilização", ou seja, são os valores das cartas pertencentes a consorciados contemplados que ainda não utilizaram e aguardam o momento mais adequado para a compra do bem. Para se ter ideia, o montante é de R$ 17,58 bilhões, referente ao mês de julho. É uma boa oportunidade para construtoras e imobiliárias oferecem seus estoques de imóveis e reforçar o caixa neste período crítico que estamos vivendo. De acordo com a Abac, esses cotistas se encontram em uma situação privilegiada, 'com a faca e o queijo na mão', prontos para adquirir bens com objetivos diversos, tais como rendas futuras com aluguéis, sempre de forma programada. Considerando os mais de 102 mil créditos pendentes de utilização, possivelmente muitos desses consorciados já quitaram boa parte de suas parcelas beneficiando a economia com um consumo mais sustentável financeiramente, ou seja, com menos endividamento.