Resultado da venda de cimento em julho mostrou estabilidade frente ao mesmo período de 2020Freepik

As reformas, a autoconstrução (residencial e comercial) e a continuidade de obras do setor imobiliário permanecem movimentando a indústria de cimento, mas após seis meses seguidos de alta, o volume de vendas do material perdeu ritmo. O resultado de julho foi considerado próximo à estabilidade frente ao mesmo período do ano passado, com variação de 0,2%, chegando a 5,9 milhões de toneladas. O acumulado no ano diminuiu o crescimento em 2,4 pontos percentuais, atingindo 13,4% com 37,5 milhões de toneladas vendidas. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

Segundo o sindicato, o cenário de forte crescimento observado no início do ano, principalmente, em função de uma base de vendas muito fraca do mesmo período no ano passado, demonstra agora um arrefecimento. Em linha com as previsões do setor, o efeito estatístico, que até maio favoreceu o avanço, a partir de junho passou a impactar negativamente as vendas do produto, projetando alta menor para os próximos meses.

Ainda de acordo com o levantamento do SNIC, ao se analisar a venda de cimento por dia útil em julho (240,8 mil toneladas), há um aumento de 1,1% sobre junho deste ano e de 2,1% em relação ao mesmo mês de 2020. "A preocupação central do setor é com relação à inflação de custos do segmento. O coque, maior custo do setor, apenas em 2020 aumentou 125% e em 2021 já acumula mais 60% de alta. Outros insumos como energia elétrica, frete, sacaria, gesso e refratários também vêm tendo forte incremento de preços. Mesmo com o bom desempenho das vendas, os reajustes dos insumos comprometem a sustentabilidade financeira do setor", analisa Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

Momento de comprar o imóvel é agora

Com o cenário de custos elevados de vários insumos da construção civil, Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, consultoria especializada em práticas e técnicas construtivas e de gestão, afirma que o momento de comprar o imóvel é agora, pois, segundo ele, em um futuro breve pode ser que o interessado não consiga mais encontrar os mesmos preços e as mesmas taxas de juros praticadas hoje.

“É um efeito que começa com a alta das commodities, dos serviços e em seguida da mão-de-obra. O resultado dessa união de fatores é que a viabilidade dos lançamentos imobiliários feita em 2020 com previsão de lançamento para o primeiro semestre desse ano já está defasada. Para as construtoras, a saída foi fazer revisões nos projetos, considerando novos cenários e balizadores. E com isso, o número de lançamentos foi abaixo do esperado para o primeiro trimestre de 2021. O reflexo para o mercado é que o ritmo de crescimento de venda de imóveis novos no país não está sendo acompanhado pelos lançamentos. Como consequência então haverá uma diminuição do estoque disponível”, prevê Pinheiro.

Para ele, os reajustes da Selic (Taxa Básica de Juros), hoje em 5,25%, também trazem consequências para o setor. “As mudanças desse indicador impactam em diversas taxas, entre elas os juros dos empréstimos, dos parcelamentos e dos rendimentos, entre outros. Para ficar bem claro, aumentando a Selic, os juros também sofrem reajustes, fazendo com que o financiamento da produção fique mais caro para as construtoras, bem como o crédito imobiliário para o cliente”, comenta o diretor.