Apartamento decorado do Cores do Rio faz parte do Reviver Centro. Especialistas ressaltam que o momento de comprar é agoraDivulgação

Com o objetivo de conter a alta da inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou pela quinta vez este ano a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), de 5,25% para 6,25% ao ano.O ajuste dividiu o mercado imobiliário e a coluna ouviu algumas entidades e construtoras para saber como esta nova alta poderá impactar no setor e na decisão de compra do consumidor.

Para a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a medida do comitê foi necessária para conter o avanço da inflação no país. Segundo o presidente da associação, Luiz França, as condições para aquisição da casa própria permanecem atraentes, a contratação de crédito imobiliário continua crescendo e a elevação da Selic não vai inviabilizar os planos de quem está em busca de um imóvel. Ele lembra ainda que, apesar do aumento, o índice se encontra em um baixo patamar, principalmente ao avaliar o histórico brasileiro em que a Selic quase sempre esteve acima de dois dígitos.

Claudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), complementa que os reajustes têm impacto no setor, não necessariamente em curto prazo. “São duas modalidades de juros diferentes, mas a gente já observa que com esses últimos reajustes da Selic, pela primeira vez desde o ano passado, houve subida na taxa do credito imobiliário de 0,5 ponto percentual a 1 ponto percentual. Provavelmente, com esse novo reajuste não haverá novos aumentos do financiamento, mas se a Selic continuar subindo, poderemos ter sim outro reajuste na taxa do crédito imobiliário”, observa Hermolin. Mesmo assim, ele ressalta que as taxas ainda estão em patamares mais baixos já vistos na historia. “Para quem tem interesse em adquirir um imóvel utilizando financiamento, certamente o melhor momento é agora. Até quando, ainda não sabemos”, frisa.

Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), concorda. “O aumento da Selic começa a impactar nos juros da casa própria. Até o momento os bancos vinham tentando segurar suas taxas para ter uma maior capitação de vendas e de financiamento. Com a expectativa de aumentar a Selic até o final do ano, consequentemente as instituições financeiras devem seguir essa linha de reajuste. Por outro lado, a Caixa baixou seus juros recentemente nas linhas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e não sabemos ainda como os bancos vão se posicionar. A tendência é que o custo do imóvel aumente”, alerta Schneider.

O que pensam as construtoras

Na opinião de Sanderson Fernandes, diretor da Avanço Realizações Imobiliárias, o aumento da Selic foi necessário porque, além de a inflação estar acima do previsto, o governo precisa conter a alta dos preços dos insumos que, para a construção civil, está sendo um grande problema. “Considero normal esse ajuste mesmo sabendo que a decisão diminui o poder de compra das pessoas. A Selic nesse patamar de 6% ainda é boa e, mesmo chegando a 7% ou um pouco mais, o cenário continua positivo. Com relação ao mercado imobiliário, as taxas de juros praticadas hoje de 7% a 8% ao ano são favoráveis para o cliente. Vale lembrar que no Rio de Janeiro o estoque de imóveis nos últimos anos baixou muito, mas ainda existe um déficit habitacional que precisa ser atendido no estado. Portanto, para mim o setor não será prejudicado a curto prazo com essa nova alta da Selic”, comenta Fernandes.

João Batista de Andrade, diretor da JB Andrade Imóveis, destaca que o mercado já esperava por esse aumento. “Na semana passada, os bancos aumentaram as suas taxas e, mesmo assim, não houve reação negativa dos clientes. O desejo de comprar um imóvel permanece”, afirma Andrade. Flávio Wrobel, diretor da W3 Engenharia, empresa que vai lançar o Cores do Rio, primeiro empreendimento pelo Reviver Centro, lembra que a Selic a 6,25% ainda é bastante inferior quando comparada à registrada no boom imobiliário entre 2008 e 2012. “Quem comprar um imóvel na planta agora pegará um cenário ainda melhor porque vai encontrar uma curva inflacionária mais comportada ao longo desses próximos dois anos, uma taxa de juros ainda num patamar bastante confortável para o financiamento imobiliário e com chance de redução daqui a dois anos quando for efetivamente fazer o repasse do imóvel. Então, considero um excelente momento para a compra pelo comportamento da inflação e pela taxa de juros ainda comportada”, analisa Wrobel.

Eric Labes, CEO da Start Investimentos, pondera que os aumentos na Selic sempre atrapalham o mercado imobiliário, pois quanto menor a taxa de juros, mais atraente é o produto. “Por outro lado, esse índice está muito baixo e o Brasil vive uma inflação muito alta. Neste patamar em que a taxa se encontra, ainda é muito favorável para investir no imóvel em vez de optar por outros segmentos. Então, embora atrapalhe, ainda sim é um juro muito convidativo para o setor. Acredito que para os próximos dois anos teremos um mercado imobiliário ainda mais robusto e intenso”, destaca Labes.

Para Marco Adnet, diretor da Konek Transformação Imobiliária, enquanto os juros estiverem abaixo ou mesmo alinhados com a inflação, o setor continuará forte como ele vem estando durante este ano. “Os números de lançamentos e de vendas são superiores aos do ano passado e o Rio de Janeiro tem possibilidade de crescimento muito grande, em especial na Zona Sul e na Barra da Tijuca. O setor continuará forte até dezembro. E para 2022, acredito que os juros estáveis e a inflação controlada darão suporte para o mercado imobiliário continuar crescendo”, prevê Adnet.