A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, passou de 10,75% para 11,75% ao ano, segundo decisão anunciada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Este é o nono reajuste consecutivo. Vale lembrar que, desde março do ano passado, o índice já aumentou 9,75 pontos percentuais, ao passar de 2% no início de março de 2021 para 11,75% no mesmo mês de 2022. Com isso, a Selic está no seu maior patamar dos últimos cinco anos.
E a previsão é que ela se mantenha alta, pois de acordo com a Pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo BC, os juros vão encerrar 2022 em 12,75%, mas há expectativas que indicam o índice acima de 13%. “O aumento da Selic acontece diante das expectativas de uma inflação maior em 2022 e das incertezas causadas pela guerra Rússia x Ucrânia. Neste contexto, é preciso destacar que um dos impactos desse conflito é o incremento nos preços das comodities, o que tem contribuído para reduzir as perspectivas do dinamismo da atividade econômica global e aumentar as estimativas de aumento nos preços”, comenta Ieda Vasconcelos, economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) entende que o novo aumento foi uma medida para conter o processo inflacionário que foi agravado em função da guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, Luiz França, presidente da entidade, ressalta que é importante que os altos juros não se mantenham por muito tempo para não impactar o crescimento econômico. "Nesse contexto, seria fundamental que essa elevação não seja repassada às taxas de crédito imobiliário, que é o principal impulsionador do setor da construção, que emprega 6,8 milhões de trabalhadores", lembra França.
Outro ponto observado pelo presidente da Abrainc é que, aliada a essa elevação, há o anúncio do governo sobre a liberação de uma nova rodada de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Segundo França, essa liberação pode ter efeito incerto na economia e impactar diretamente na produção de novas moradias, na geração de empregos e no consequente desenvolvimento do país. "O Brasil precisa continuar crescendo. Em 2021, a construção civil cresceu 9,7% e impulsionou o PIB (Produto Interno Bruto). A melhor forma de se conseguir manter esse desenvolvimento é por meio da preservação da única fonte de financiamento para as moradias de baixa renda", acrescenta o executivo.
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