Quatro hotéis cariocas estão sendo transformados em residenciais, movimento que contribui para a geração de empregos, renda, além de evitar invasões. Serão mais de 6 mil vagas entre diretas e indiretas. O icônico Hotel Glória, que completa hoje 100 anos, é um exemplo. O primeiro cinco estrelas do Brasil que já recebeu personalidades nacionais e internacionais está passando por um retrofit que dará lugar a um empreendimento com 266 unidades, além de quatro lojas no térreo. O investimento é de R$ 250 milhões.
O projeto é uma parceria entre o Opportunity Imobiliário e a SIG Engenharia. A expectativa é gerar 4.500 vagas de empregos entre diretas e indiretas até a entrega, prevista para 2026. Segundo Jomar Monnerat, gestor do Opportunity Imobiliário, o novo residencial já está trazendo muitos benefícios para os futuros moradores e para o entorno. “O novo Glória terá 266 unidades, o que significa, pelo menos, 1 mil novas pessoas circulando. E as lojas no térreo do residencial ajudarão a trazer mais movimento ao local, contribuindo muito para a segurança da região”, destaca Monnerat.
Segundo ele, além do investimento no retrofit, o Opportunity Imobiliário está iniciando uma série de ações para contribuir e somar às ações da Prefeitura com a revitalização da Glória. “Entre as iniciativas que colocaremos em prática estão execução de nova calçada, pintura dos balaústres, limpeza da murada, e reforma e recuperação dos postes. Além disso, vamos entregar a Enseada Adolpho Bloch com um novo paisagismo”, conta Monnerat. Outra importante ação do Opportunity Imobiliário será o restauro e o retrofit do Castelinho da Glória, bem tombado nacional localizado na Rua do Russel, 734. Schalom Grimberg, sócio-fundador da SIG Engenharia complementa que uma cidade que não valoriza o passado está condenando o seu futuro. “O Glória é um patrimônio do Rio e nós vamos honrar essa história”, ressalta Grimberg.
Além do novo Glória, o Opportunity Imobiliário também está investindo no retrofit do Atlântico Tower, no Centro, que será um residencial com 216 unidades. “O movimento de investir em imóveis com valor histórico é muito importante para o Rio de Janeiro, pois renova, incentiva a moradia e valoriza as regiões”, observa Monnerat.
Retrofit com entrega em novembro
Na Praia do Flamengo, o antigo Hotel Flamengo Palace agora é o Insight Praia do Flamengo, retrofit da D2J Construtora que será entregue em novembro. O edifício tem apenas 42 unidades, itens tecnológicos, além de serviços compartilhados. Daniel Afonso, diretor da D2J Construtora, lembra que esses hotéis já estão localizados em áreas consolidadas com a infraestrutura necessária para que os imóveis tenham liquidez. Para ele, com essa tendência, todos ganham. "Ganha a prefeitura que volta a arrecadar ISS (Imposto Sobre Serviços) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), já que muitos hotéis estão fechados e estão com dívidas, ganha o incorporador que passa a ter imóveis bem localizados para vender e ganha a população, com unidades revitalizadas e produtos novos no mercado que antes não eram explorados, além da enorme geração de empregos. Importante ressaltar que a construção civil é a indústria que mais ajuda a gerar empregos. No caso do Insight Praia do Flamengo, temos mais de 70 funcionários diretos, ao longo de dois anos de obra", afirma Afonso.
Praia do Pepê
Já na Barra da Tijuca, mais de 1.500 vagas de empregos diretas e indiretas serão geradas na construção do novo residencial de apenas 34 apartamentos que será erguido onde funcionava o Hotel Praia Linda (60 quartos), na Praia do Pepê, no Jardim Oceânico, área nobre da Barra. O Praia Residencial Mar, lançado pela Itten Incorporadora em parceria com a 3021, tem VGV (Valor Geral de Vendas) superior a R$ 100 milhões e está localizado em um dos pontos mais icônicos do bairro.
Especialistas comemoram a tendência
O mercado imobiliário está bastante otimista com essa tendência de hotéis virando residências. Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), lembra que a cidade foi contemplada com um número significativo de novos hotéis para atender a demanda dos eventos esportivos. “Depois disso, ficou uma quantidade enorme de quartos disponíveis. Além da ociosidade, outros fatores contribuíram para o fechamento porque não há muito espaço para novos hotéis, o que também aconteceu com o segmento de lajes corporativas”, frisa Schneider. Para ele, o movimento foi uma maneira bem interessante de voltar a ocupar esses espaços, agora de forma permanente. “E há muito mercado para isso. Teremos pessoas habitando em vez de esqueletos. Sem contar que todos estes projetos geram diversas vagas de empregos. Então, estamos falando de novas moradias e também de estímulo à economia, o que traz impactos muito positivos para a região, para os moradores e para quem necessita de uma oportunidade profissional”, diz o vice-presidente do Secovi Rio.
Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), comemora a reforma do Hotel Glória. “É uma excelente notícia para o mercado imobiliário carioca. Um ícone da arquitetura não deve ficar abandonado como estava. O retrofit de prédios históricos é uma técnica admirada em todo o mundo e tenho certeza que veremos cada vez mais empreendimentos como esse, que valorizam a arquitetura e a história da cidade", prevê Saceanu.
Para Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil), é sempre uma oportunidade de novos negócios não só para o mercado imobiliário como também para o próprio mercado hoteleiro, já que hoje existem diversos hotéis que estão fechados, obsoletos ou que estão com baixa ocupação. "Essa transformação gera mais valorização para o entorno, diminui as ofertas de hotéis, gerando mais ocupação dos que permanecem e, principalmente, gera emprego e renda com essa nova obra do residencial", lembra Hermolin.
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