Em uma das faixas usadas no protesto, vítimas do calote cobram um posicionamento do deputado bolsonarista, Felippe Poubel que é sócio de Capitão Diogo Renata Cristiane
Tem muita gente em Cabo Frio que quer ver o capeta, mas não quer ver o deputado estadual Filippe Poubel (PSL). Tanto é assim, que teve protesto no final da manhã desta terça-feira (28), na frente de uma casa noturna que o deputado tem participação. Motivo? Ele é sócio do ex-capitão da Polícia Militar, Diogo Souza, no Buda Beach Lounge, uma das mais badaladas da Região dos Lagos, que fica no Boulevard Canal, espaço nobre da cidade. O tal ex-capitão, que foi até candidato a prefeito de Cabo Frio pelo ninho tucano (PSDB), deu um mega calote estimado em quase R$ 100 milhões, em milhares de clientes que investiram somas financeiras impressionantes na Spartacus Consultoria, que dizia fazer investimentos em criptomoedas, mas que tem cara de pirâmide, jeito de pirâmide e tamanho de pirâmide. O detalhe é que logo após a prisão do famoso “Faraó dos Bitcoins”, Glaydson Acácio dos Santos, várias pirâmides financeiras que agiam na região, caíram junto. Foi um verdadeiro efeito dominó.
AFIANÇANDO A PALAVRA
Diogo, apesar de ter se transformado recentemente em um rico empresário, ostentando uma vida de luxos, há três meses, simplesmente meteu um “devo, não nego e pago quando puder”. Mas nesse ínterim, a casa noturna dele e do deputado continua bombando todas as noites. Os clientes lesados, não são “tão lesados” assim, e perceberam que se não fizessem nada, ficariam no prejuízo. Existe a informação de que foram feitas dezenas de ocorrências policiais na 126ª DP contra o ex-PM. O grupo que esteve no final da manhã desta terça-feira (28), protestando com faixas, chamavam o deputado na responsabilidade. Uma das vítimas do calote, Cinara Quina, alega que só vendeu seu próprio carro e deu o dinheiro para que Diogo investisse, porque via várias fotos dele nas redes sociais com o Filippe Poubel, a quem chamava de irmão e pessoa da mais alta confiança: “Eu acredito que ele tem responsabilidade nisso sim. Eu só investi devido à propaganda que ele fazia de Diogo, que seria um homem honrado (como revela o vídeo acima em discurso na Alerj, em agosto de 2021)”, revolta-se. Cinara salientou que essa mesma percepção atingiu não só ela, como seus familiares e amigos: “Eu e muitos investiram no esquema, influenciados pela autoridade do deputado Poubel. A gente acreditava que ele tinha palavra”. A vítima denuncia ainda que existiria uma estratégia de simular uma briga para tirar Diogo da sociedade da casa noturna: “Eu não acredito que eles não estejam juntos nisso tudo”, disparou sem receios.
Nesta noite desta terça (28), a partir das 20h, as vítimas prometem nova manifestação no mesmo local, momento em que a casa noturna estiver em pleno funcionamento. A situação virou escândalo, já que o espaço pertence a quem um dia se arvorou em ser prefeito de um município que vai bater R$ 1,1 bilhão de orçamento em 2022. Sem falar no deputado, que é bolsonarista raiz e vive bradando a clássica frase extremista: “bandido bom é bandido morto”.
NEGA TUDO, MAS NÃO CONVENCE
O deputado Filippe Poubel nega que seja sócio de Diogo no esquema financeiro e afirma que também tinha dinheiro investido na empresa do amigo. O parlamentar chegou até ameaçar com processo quem dissesse isso publicamente. Mas essa tentativa de intimidar os descontentes parece não ter surtido efeito, a julgar pela faixa exposta durante a manifestação da manhã. Já Diogo Souza se mantém em silêncio e prefere atacar a imprensa que noticia os fatos.
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