Assassinato a tiro de jornalista em Araruama completa 2 anosReprodução/ redes sociais

No dia 13 de maio de 2020, um crime brutal tirou a vida do jornalista e líder comunitário Leonardo Pinheiro no meio da rua, em plena luz do dia, no bairro Parati, em Araruama, município da Região dos Lagos.

Léo era pré-candidato a vereador pelo Patriota, tinha 39 anos e mantinha a página “A Voz Araruamense”.

Segundo relato de moradores e a investigação do caso, Leonardo entrevistava algumas pessoas quando dois homens chegaram ao local em um carro e abordaram a vítima. Um criminoso encapuzado mandou o jornalista se ajoelhar e o executou com três tiros na cabeça.

Quando a PM chegou a cena do crime, Léo não tinha mais vida.

Nestes dois anos que seguiram a morte de Leonardo Pinheiro, um PM e um comparsa suspeitos do crime foram presos.

Alan Marques de Oliveira e Cleisener Vinícios Brito Guimarães, conhecido como Kekei, tiveram mandados de prisão cumpridos na manhã de 24 de outubro de 2020.

Participaram da ação policiais civis das delegacias de Araruama, Saquarema e Iguaba Grande, além de agentes da Corregedoria da Polícia Militar. Com os presos, os agentes encontraram duas armas, dois carros e uma moto-aquática.

À época da prisão de Alan e Kekei, as investigações apontavam que a motivação do crime seria que Leonardo estaria reunindo um grupo de eleitores na região onde o policial militar preso mora.

Alan Marques foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018 pelo Avante e recebeu 2.399 votos.

Mesmo com o marido preso pela morte de Léo Pinheiro, a esposa do policial militar, Elizabeth Faria de Abreu concorreu a vereadora nas eleições de 2020 com o nome de urna Beth de Alan Marques.

Pelo DEM, partido que compunha a coligação da prefeita reeleita na ocasião, Lívia de Chiquinho (PP), Beth não foi eleita para ocupar uma cadeira no parlamento do município, mas conseguiu 276 votos.

Na época da prisão de Alan, no auge da campanha eleitoral, Beth publicou uma nota dos advogados de defesa do marido, Patrick Berriel e Filipe Roulien Camillo.

“A acusação que pesa sobre Alan Marques é baseada em um TESTEMUNHO POR OUVIR DIZER e em outro que afirmou ter presenciado o fato mas, no entanto, disse não ter condições de reconhecer o autor dos disparos. Portanto, não há provas”, disse a nota.

“Além disso, não há nenhum indício de que a liberdade do Alan represente qualquer risco ao bom andamento do processo. Por isso, a prisão do policial é totalmente desnecessária”, concluiu.

A visão dos advogados, contudo, é diferente da visão dos juízes. Em 2021, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro denegou habeas corpus para Alan. A decisão foi mantida pelo colegiado da 6ª Turma do STJ.

Na sessão da Câmara de Araruama de 22 de fevereiro de 2022, após Penha Bernardes (PL) relatar que sofreu uma ameaça de morte por parte de um ex-prefeito araruamense, o vereador Oliveira da Guarda (MDB) relembrou o assassinato de Léo Pinheiro.

“Ministério Público, pode ter certeza que quem está preso, tudo bem. Mas tem um mandante ali, hein? Ministério Público, acorda. Olha o que essa pessoa [Francisco Ribeiro] é capaz de fazer”, disse o vereador na ocasião.

Oliveira, inclusive, chegou a se oferecer como testemunha ao Ministério Público para apresentar provas sobre pormenores do crime contra Léo Pinheiro.

Caso estivesse vivo, Leonardo Pinheiro teria 41 anos. O líder comunitário deixou esposa e um filho.

O Dia entrou em contato com o marido da prefeita de Araruama, Lívia de Chiquinho, Chiquinho do Atacadão ou Educação, que, através de seu advogado, taxou de "fantasiosas, maldosas, inverídicas alegações e afirmações proferidas do alto da Tribuna da Câmara Municipal dos Vereadores de Araruama, por parte do Vereador Márcio Ricardo Oliveira, vulgo Oliveira da Guarda". Procuramos também a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) para saber em que pé andam as investigações do caso Léo Pinheiro. A assessoria da PCERJ não enviou resposta até o fechamento desta reportagem.