O debate nesta manhã focou nos recentes casos de intolerância na Região dos Lagos Renata Cristiane
A sessão da Câmara Municipal de Cabo Frio desta terça-feira (5) pode ser considerada histórica. Isso porque o debate nesta manhã focou nos recentes casos de intolerância na Região dos Lagos, como as pichações contra a comunidade LGBT em prédios públicos cabo-frienses e os ataques racistas com cartazes colados em pontos de São Pedro da Aldeia contra a jornalista e editora-chefe do Portal RC24h, Renata Cristiane. Um requerimento apresentado pelo líder do governo na Casa, vereador Davi Souza (PDT) propôs moção de repúdio a essa ação preconceituosa, o qual foi aprovado por unanimidade. Aliás, válido ressaltar, os parlamentares discursaram em uníssono contra todo e qualquer tipo de preconceito, foi um momento de reflexão acerca de todas essas questões. Outros participantes também tiveram lugar de fala, como o ativista e presidente do Grupo Iguais, Rodolpho Campbell (veja vídeo abaixo), que discursou na tribuna falando do combate à homofobia.
Ainda sobre a sessão da Câmara cabo-friense, importante destacar alguns destes discursos, como a da vereadora Carol Midori (DC), que fez uma reflexão sobre o papel da mulher na liderança. Do presidente da Casa, Miguel Alencar (UNIÃO), o qual ressaltou que o "parlamento cabo-friense estará sempre na defesa de todas as pluralidades e na luta contra o preconceito. Até os vereadores bolsonaristas fizeram um posicionamento contrário ao preconceito, com destaque para Léo Mendes (DC) e também para o vereador Vanderson Bento (PTB), líder dos evangélicos aqui na cidade, que condenou as críticas que alguns pastores costumam fazer, não só aos homossexuais como aos praticantes de religião africana. Outro destaque vai para o ex-presidente da Casa, vereador Luís Geraldo (REP); fez questão de reafirmar seu compromisso com a diversidade. Um dia histórico para a política cabo-friense, em especial para os parlamentares de Cabo Frio. "Todo parlamento votou favoravelmente e os discursos dos parlamentares das mais diversas correntes mostrou que a Câmara pode ter divergências em vários aspectos, mas os vereadores concordam que o preconceito deve ser um mal enfrentado por todas as correntes ideológicas. Esse é o país que o povo sonha. A Casa de lei foi corajosa, didática e inspiradora para outras cidades do país", disse a jornalista.
BOA REPERCUSSÃO E UM SILÊNCIO OBSEQUIOSO
E a repercussão do lamentável episódio sofrido pela jornalista, que foi chamada de macaca, vem repercutindo desde a semana passada, quando também começaram os posicionamentos de apoio, como da prefeitura de Cabo Frio, que publicou nota lamentando profundamente o ato 'inaceitável' de racismo sofrido pela jornalista. Outro que falou sobre foi o prefeito de São Pedro da Aldeia, Fábio do Pastel (PL) pelas redes sociais repudiando o ato e fazendo uma defesa do respeito pelo ser humano como algo "indiscutível". Pastel ainda complementou que "a história da nossa terra está permeada e indivísvel da história do povo preto". Por outro lado, ao contrário de Cabo Frio, o legislativo aldeense sequer se manifestou sobre o ocorrido: silêncio sepulcral. Iguaba Grande também demonstrou total apoio à jornalista. Inclusive na sessão da Câmara iguabense da próxima quinta-feira (7) o vereador Paulo Rito (CID) vai apresentar requerimento de moção de repúdio à ação. O episódio ecoou não só pela região como chegou também a Brasília, por meio de um compartilhamento feito nas redes sociais pelo deputado federal David Miranda (PDT).
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