João Carlos tem 14 anos - Arquivo Pessoal
João Carlos tem 14 anosArquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
 Pelo quarto dia consecutivo, equipes de salvamento do Corpo de Bombeiros realizam buscas para encontrar o menino João Carlos Torres, de 14 anos, que desapareceu, na última sexta-feira, na altura do Posto 9, na praia de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro. O adolescente chegou acompanhado dos pais e dos dois irmãos mais novos. Ele sumiu enquanto a família ainda se acomodava nas areias. Devido ao sol forte e, sobretudo, ao feriadão prolongado, as praias ficaram cheias neste fim de semana, em todo o estado. Houve aumento nos números de afogamentos e buscas.
Poucos minutos na areia e em um piscar de olhos: assim foi o sumiço do menino João Carlos, segundo o pai, Tiago Torres Souza, 32 anos. “Chegamos à praia e procuramos um local mais calmo. Iríamos, inicialmente, para o Arpoador, contudo, achamos o mar mais calmo em Ipanema. Escolhemos um local onde tivéssemos uma visão ampla de parte da praia, para vigiarmos as crianças. Fomos até uma barraca e pedimos um guarda-sol. Eu e minha mulher nem chegamos a arrumar as coisas, quando João disse que iria ao mar com o irmão, de 11 anos. Foram alguns minutos. Um piscar de olhos. Agora estamos em completo desespero”, relata Tiago, que mora em Belford Roxo, na Região Metropolitana do Rio.
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Buscas – Logo após o sumiço, Tiago e a mulher, a dona de casa Priscila Barbosa, de 33 anos, iniciaram uma angustiante busca ao menino, que, inicialmente, contou com a ajuda de um salva-vidas do Corpo de Bombeiros e de diversos banhistas. “Assim que o João sumiu, um barraqueiro informou que duas pessoas estavam sendo resgatadas do mar. Isso aumentou nossa esperança; mas não era o meu filho. Comunicamos aos Bombeiros, que enviaram um helicóptero, mergulhadores e jet skis. Foram feitos buscas pelo mar e nas areias. Vasculhamos a orla de Ipanema até o Arpoador. As pessoas bateram palmas para fazer o alerta , mas nada encontramos. É uma sensação horrível. Nossa família está arrasada”, contou o pai do menino, que, ao lado de familiares, há quatro dias acompanha as buscas das 7h às 17h.
Até o fim desta edição, o Corpo de Bombeiros ainda não havia finalizado o balanço do fim de semana, entretanto, o assessor de comunicação tenente-coronel Mike Reis informou que as buscas ao menino João Carlos continuarão.


Especialistas alertam para os sumiços de crianças nas praias

A despeito de todos os cuidados dos pais e recomendações das autoridades, os desaparecimentos de crianças em praias ainda têm sido recorrentes, segundo Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas da Fundação para Infância e Adolescência (FIA). “A prevenção é a melhor maneira de impedir o sumiço de crianças e adolescentes nas praias, conhecido como desaparecimento temporário. Por isso, orientamos que ensine ao filho a portar identificação, com pulseiras e documentos”, disse Luiz Henrique, que já implementou diversas campanhas de sucesso, como o das pulseirinhas de identificação para conscientizar a população.
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Para Jovita Belfort, os desaparecimentos estão, aos poucos, entrando nas pautas das políticas públicas como enfrentamento e prevenção. “O estado e a sociedade precisam entrar no problema. Por isso, a prevenção é fundamental. No caso de praias e lugares com multidões temos recomendações simples, como uso do esparadrapo com a descrição da identidade e telefones dos pais. Isso tem muita valia. Também é importante a marcação dos lugares como ponto de encontro. Temos visto, nas praias, a batida de palmas, comum na Europa, para sinalizar o desaparecimento de crianças”, ressalta Jovita, que coordena o Setor de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimento de Pessoas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.