Rafael e Kaike desapareceram após embarcarem escondidos em uma carreta que vinha de Minas para o RJ   - Arquivo Pessoal
Rafael e Kaike desapareceram após embarcarem escondidos em uma carreta que vinha de Minas para o RJ Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
A polícia vasculha rodovias federais e estaduais para encontrar paradeiro dos meninos Rafael Pereira de Souza e Kaike Rodrigo da Silva, ambos de 13 anos, que desapareceram, na última quinta-feira, após embarcarem escondidos, na traseira de uma carreta, em Caratinga, interior de Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro.
Um terceiro menino, que também seguia com a dupla, teria desembarcado em um posto de gasolina e foi localizado na cidade mineira São João de Manhuaçu, a cerca de 70 quilômetros de Caratinga. Ele foi encaminhado ao Conselho Tutelar da cidade.
Publicidade
De acordo com familiares, Rafael e Kaike foram aliciados a seguirem para o Rio de Janeiro, onde seriam recebidos e alojados no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, comunidade na Zona Sul da cidade. Testemunhas confirmaram que os garotos embarcaram escondidos do motorista, em um caminhão cegonha, que faz transporte de veículos.
“Demos falta dos garotos e comunicamos à polícia. A ideia era fazer um cerco nas estradas e acessos a outras cidades. O plano de seguirem para o Rio de Janeiro só foi desvendado quando encontraram o terceiro garoto. Tudo indica que eles foram aliciados. As famílias estão abaladas e temorosas pela segurança dos meninos”, contou o vendedor autônomo Délcio Luiz da Silva, de 21anos, irmão do Rafael.

Investigações- A polícia vai solicitar gravações de imagens de câmeras das rodovias e postos de gasolina no percurso entre Minas e Rio de Janeiro para ajudar identificar o motorista da carreta e auxiliar nas buscas aos dois adolescentes desaparecidos. A Fundação para Infância e da Adolescência (FIA) informou que acionará a rede de proteção e tomará medidas de caráter preventivo para divulgação e acolhimento dos adolescentes. Informações sobre o caso podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (21) 2253-1177 ou ao 190 (Policia Militar).  

‘Aventuras deixam adolescentes e jovens em riscos e vulneráveis à rede de aliciadores’, diz especialista
Publicidade
Viagens e fugas de lares envolvendo jovens e adolescentes são recorrentes, mas extremamente arriscadas, alerta Luiz Henrique de Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças da Fundação da Infância e do Adolescente (FIA). Com 30 anos de experiência administrando casos de desaparecimento de menores, Oliveira ressalta que as fugas permeiam o imaginário desses meninos e meninas, que, geralmente, são vítimas de uma rede de aliciadores e colocados em iminentes riscos.
“Aventuras deixam adolescentes e jovens em risco ou vulneráveis à rede de aliciadores. Essas fugas são provenientes do imaginário desses meninos. Contudo, eles podem ser submetidos a atos violentos, impelidos a trabalhos escravos ou até recrutados para o tráfico de drogas. Por isso, alertamos às famílias que priorizem o diálogo e, ao detectarem algum problema, procurem atendimento especializado”, explica Luiz Henrique.