André está desaparecido há 18 dias - Arquivo Pessoal
André está desaparecido há 18 diasArquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
 Há 18 dias, familiares e amigos se organizam nas buscas, em hospitais, abrigos e institutos médico-legais (IML), para encontrar o paradeiro do motorista André dos Santos de Pontes, de 40 anos. Ele desapareceu, no dia 8 de setembro, após sair de casa, no bairro Tauá, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, para atender passageiros de aplicativos de viagens.
O sumiço de André foi constatado por familiares, ao perceberem a demora no retorno à residência e ao fato do aparelho celular dele estar desligado. O carro do motorista, um Logan preto, foi encontrado carbonizado, no dia seguinte, na Rua Califórnia, na Penha. Moradores relataram que o incêndio no carro foi seguido de uma explosão. A princípio, não foram encontrados vestígios de corpos incinerados no interior do veículo, contudo, a família ainda aguarda o resultado do laudo pericial. Policiais da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) investigam o caso.   
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 Rotina – Desolada, a irmã do motorista, a auxiliar de secretaria Andressa dos Santos de Pontes, de 36 anos, conta que André mantinha a rotina de trabalhar no período noturno para conciliar ao trabalho diurno da mulher e, assim, poder cuidar melhor do filho, de 3 anos. André era motorista de ônibus, mas, há cerca de três anos, por problema de saúde, migrou para aplicativos de viagens.
“É uma pessoa extrovertida e amiga. Bom marido, bom filho e excelente pai. Não tinha problemas com ninguém e não recebeu ameaças. Não temos a menor ideia do que aconteceu com o meu irmão. A família está despedaçada e sem saber o que fazer. Meus pais estão abalados, e a mulher dele, à base de remédios. Contamos com o apoio dos amigos”, disse Andressa.
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Saga das famílias retrata descaso das autoridades
Há 18 dias, familiares e colegas do motorista de aplicativo se unem para ajudar nas buscas. “Já percorremos várias regiões do Rio, da Baixada Fluminense e Região Metropolitana. Já entramos em hospitais e visitamos institutos médico-legais. Estamos exaustos, mas queremos encontrar o meu irmão. Procuramos saber as características de todos os corpos, não identificados, que aparecem na região. Na medida do possível, fazemos o reconhecimento. Em um deles, encontrado carbonizado, minha mãe fez os exames compatíveis de DNA, mas o resultado só sai em 30 dias”, lamentou Andressa.
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Para Luciene Pimenta Torres, presidente da Instituição Mães Virtuosas, grupo que agrega mães de desaparecidos, o descaso das autoridades se reflete, na maioria dos casos, no atendimento precário às famílias e na morosidade das investigações e processos judiciais. “ Além da dor da ausência, as famílias sofrem durante e depois do registro de ocorrência nas delegacias. Também é recorrente a demora nas investigações e as falhas processuais. A desinformação e a falta de comunicação entre as instituições só fazem aumentar o sofrimento de quem procura o ente querido. Com raras exceções, nossas autoridades ainda olham os desaparecimentos com indiferença”, pondera Luciene.

De janeiro a agosto, de 2020, foram registrados 2.133 registros de desaparecimentos no Estado do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).