Avó e a neta Thaylla, desaparecida há 4 dias  - Arquivo Pessoal
Avó e a neta Thaylla, desaparecida há 4 dias Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
 Em meio à pandemia e consequentes dificuldades para retomar os shows e apresentações, a cantora Cleuza Pereira Braz, de 57 anos, mais conhecida como Kelli Garrido, tem dividido o tempo de ensaios e composições com outra nobre missão: encontrar a neta Thaylla Vitória Braz de Oliveira, de 13 anos. A adolescente está desaparecida, há 4 dias. Moradores de Marambaia, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, familiares e amigos continuam realizando buscas em diversas regiões do município e da Capital, onde, segundo informações anônimas, a adolescente teria sido vista, pela última vez.
“Quem canta, os males espanta”. O ditado popular nunca foi tão real para a cantora de forró Kelli Garrido, que se apega à fé e no poder da música para buscar alento e suportar a ausência da neta. “Cantar é o que mais gosto de fazer. Mas a dor da falta é muito grande. Estou à base de remédios. Crio essa menina desde bebê. Ela é minha companheira. Uma menina estudiosa. Jamais irei desistir dela. Vou buscá-la onde estiver. Tenho fé em Deus que vou reencontrá-la. Conto com a ajuda de amigos e pessoas voluntárias”, disse Garrido, que, apesar das buscas, pretende não desmarcar as apresentações. “Sou profissional. Mesmo na dor, cumprirei a agenda de shows, em clubes e comércios da região”, emendou a cantora.
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Mudanças - De acordo com familiares, nos últimos meses, Thaylla vinha demonstrando mudanças de comportamento, contudo, mantinha a rotina de estudos e encontros sociais, apesar da pandemia. “É uma excelente aluna. Tem uma memória maravilhosa, guarda todos os números de telefones da família. Como todos os jovens, gosta de conversar com amigos pela Internet. Ela vinha demonstrando algumas mudanças de comportamento, mas, acredito ser comum, sobretudo, nesta idade onde ocorrem grandes transformações. Ela só tem 13 anos, e, independente das escolhas, precisa de cuidados”, alerta, emocionada, a avó. O caso foi registrado na Delegacia de Descoberta de Paradeiro (DDPA).
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Desaparecimentos de adolescentes correspondem a 29% dos casos, segundo Ministério Público
De janeiro a agosto, de 2020, foram anotados 2.133 desaparecimentos no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). O número de sumiços de adolescentes, no entanto, lidera o ranking de casos no Programa de Localização e Identificação a Desaparecidos (Plid), capitaneado pelo Ministério Público Estadual. Nos cerca de 26 mil registros, 29, 03% são de adolescentes entre 12 a 17 anos de idade. Ou seja, são aproximadamente 7,5 mil meninos e meninas, que desapareceram de suas casas. Dentre as motivações mais comuns, os conflitos familiares são proeminentes.

Diálogo e apoio especializado ainda são os melhores ‘remédios’
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Há 25 anos, à frente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação da Infância e Adolescência (FIA), Luiz Henrique Oliveira acredita que diálogo e apoio especializado sejam os melhores caminhos para prevenir fugas e desaparecimentos de adolescentes.
“São crianças e adolescentes, em fase de transformações, que necessitam da interação familiar para corresponder anseios e desafios. O mundo exterior oferece inúmeros caminhos, sobretudo, na Internet, que agrupa uma rede de aliciadores. Por isso, o diálogo é muito importante. Nos casos de conflitos familiares, procurar um tratamento especializado se torna fundamental. A FIA e os Centros de Atendimentos Psicossociais (CAPs) são alguns exemplos de excelentes serviços gratuitos disponibilizados à população”, acrescenta Oliveira.