Úrsula foi encontrada na Lapa - Arquivo Pessoal
Úrsula foi encontrada na LapaArquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Após três dias de angústia e buscas, o desaparecimento da comerciária Úrsula Maria Martins Leal, de 44 anos, terminou com final feliz. Ela foi encontrada por policiais militares, na Lapa, no Centro do Rio, após matéria divulgada pelo DIA Online, no último domingo. De acordo com a família, Úrsula estava vivendo nas ruas, após ter um surto psicótico. Ela foi recolhida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhada ao Hospital Psiquiátrico Philippe Pinel, em Botafogo, na Zona Sul.
Moradora de Cordovil, na Zona Norte, Úrsula Leal estava desaparecida, desde a última sexta-feira, após sair de uma clínica psiquiátrica, em Santa Teresa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, ela teria se sentido mal em casa e, à revelia da família, foi sozinha à unidade de saúde, onde foi liberada, por volta das 21h, mas não retornou à residência. O fato de o aparelho celular estar desligado e a falta de retorno da comerciária chamaram a atenção da família, que acionou a polícia e iniciou uma mobilização na Web.
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Aliviados pelo reencontro, familiares agradeceram o apoio recebido durante as buscas ao paradeiro de Úrsula. “Foram dias difíceis, cercados de angústia. Nosso medo era de ela ter sido vítima de algum tipo de violência. Mas, tudo acabou bem. Está internada, aparentemente lúcida e recebendo os cuidados médicos. Agradecemos o apoio de toda a família, da rede de amigos, do Dia Online e dos agentes de segurança, que a reconheceram pelas fotos e realizaram o recolhimento”, disse, aliviada, a contadora Danielle Sarti Leal, de 40 anos, prima da comerciária.

Transtornos psiquiátricos podem transformar pessoas em andarilhas
Sair de casa, sem rumo ou dar notícias, é comum em casos envolvendo pessoas com quadro de transtornos psiquiátricos, segundo a assistente social Cláudia Santos. “Todos os dias, recebemos casos semelhantes nas clínicas e detectamos diagnósticos parecidos durante trabalhos de acolhimento em vias públicas. Sem os medicamentos, esses pacientes saem de casa, e, durante surtos psicóticos, costumam pegar caronas e seguir, muitas das vezes, sem rumo para lugares inóspitos, correndo inúmeros riscos. Geralmente, são pessoas desaparecidas que, pela ausência de documentos, dificultam a identificação e o regresso aos lares”, disse Claudia.

A assistente social alerta também para falta de um cadastro único e a dificuldades de cruzamentos de dados entre as instituições, que corroboram para o problema. “Em muitos casos, essas pessoas ficam, durante longos períodos, nas ruas ou internadas em clínicas psiquiátricas. O apoio das autoridades públicas e maior investimentos nos centros de capacitações psicossociais são ações estratégicas para atendermos essa demanda”, ressalta Santos, que, há 16 anos, realiza atendimentos em clínicas psiquiátricas e acolhimento nas ruas.
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Capacitação de agentes e abordagem correta são fundamentais
Já a coordenadora estadual do setor de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimento de Pessoas, Jovita Belfort, destaca a importância da capacitação dos agentes de segurança. “Realizamos cursos periódicos para capacitar agentes de segurança nas abordagens e no tratamento adequado aos moradores de rua e andarilhos, pois, são pessoas em vulnerabilidade social ou com transtornos psiquiátricos e, possivelmente, podem estar na lista de desaparecidos ou são vítimas de tráfico de pessoas. Portanto, reiteramos a necessidade da identificação e do encaminhamento correto, se necessário, aos órgãos competentes”, ressalta a coordenadora.