Ao lado dos pais, Mateus Marques, de 14 anos, disse que foi encontrado no Centro do Rio e encaminhado para um abrigo em Campo Grande
Ao lado dos pais, Mateus Marques, de 14 anos, disse que foi encontrado no Centro do Rio e encaminhado para um abrigo em Campo Grande Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Após 5 dias de intensas buscas e manifestações, o sumiço do menino Mateus Marques da Silva Ré, de 14 anos, teve um final feliz. O estudante foi encontrado por uma equipe de apoio do Conselho Tutelar, na madrugada de sexta-feira, vagando pelas ruas no Centro da cidade do Rio de Janeiro e levado para um abrigo em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ele havia sumido, na tarde da última segunda-feira, a caminho da escola, na Comunidade do Rola, em Santa Cruz.
Visivelmente abatido, mas sem vestígios de violência, Mateus que fora diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), contou que se perdeu de casa e, entre caminhadas e embarques em ônibus, chegou ao Centro da cidade. Familiares acreditam que ele teria sofrido um surto psicótico. Após comunicar à família, os agentes confirmaram, pelas descrições e fotografia, a identificação do adolescente e o encaminharam para um abrigo.
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“Ainda não sabemos o que ocorreu, no entanto, tudo indica que ele tenha sofrido alguma carga emocional, que culminou no surto. Ele ficou confuso e acabou se perdendo de casa. Graças a Deus não sofreu nenhum tipo de violência e está com a saúde em dia. Agora, ele vai retomar o tratamento para voltar à rotina com a família, amigos e o grupo da igreja”, disse, aliviada, a mãe, a agente de hotelaria Débora Marques dos Santos, de 33 anos.
Buscas mobilizaram familiares e amigos 
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Na noite da última quinta-feira, a comunidade realizou uma manifestação na Praça do Curral Falso, em Santa Cruz, para alertar autoridades e opinião pública sobre o caso. O encontro de Mateus encerra o trabalho de buscas, que durou cerca de 80 horas, realizado por familiares, amigos, policiais militares e civis, além do apoio do Programa SOS Crianças Desaparecidas da Fundação para Infância e Adolescência (FIA) e de Conselhos Tutelares da região. O caso teve ampla divulgação nas redes sociais e no DIA Online.
“Agradeço a todos que oraram pela vida do meu filho, ajudaram nas buscas e fizeram a divulgação nas redes sociais e na mídia. Esse apoio foi fundamental. Portanto, quem fala é um pai sofrido, mas grato. Agradeço primeiro a Deus, depois a essa rede de pessoas que se empenharam para encontrar o meu filho. Obrigado!”, disse, emocionado, o estoquista Luis Roberto da Silva Ré, de 39 anos.
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De acordo com a família, Mateus foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde passará por exame de corpo de delito. A seguir, familiares, testemunhas e o adolescente serão ouvidos na 36ª DP (Santa Cruz), onde o caso está sendo investigado.

FIA lança cartilha de orientação em casos de desaparecimentos
A Fundação para Infância e Adolescência (FIA) e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) lançaram uma cartilha com instruções sobre como agir em caso de desaparecimentos de crianças. O evento marca o início da Semana Nacional de Mobilização Contra o Desaparecimento de Crianças, que vai de 25 a 31 de março, e busca orientar e conscientizar a população sobre o tema.
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O desaparecimento é entendido como o sumiço de alguém sem aviso a familiares, amigos ou terceiros. Uma pessoa é considerada desaparecida quando não é encontrada nos lugares que tem o hábito de frequentar, ou com conhecidos. O manual busca dar orientações básicas, mas essenciais, aos familiares dessas pessoas.
Entre outras recomendações, uma das principais é de que não é necessário esperar o prazo 24h, 48h ou 72h para registrar a ocorrência de desaparecimento, como é crença popular.
A comunicação deve ser feita de forma imediata quando se percebe que a pessoa está sumida e incomunicável. Em casos de desaparecimento, a família deve procurar a delegacia mais próxima, munida de uma fotografia atual da pessoa, e entrar em contato com o Programa SOS Crianças Desaparecidas nos seguintes contatos: 2286-8337 e 98596-5296.

Desde que criado o Programa SOS Crianças Desaparecidas já localizou 3230 crianças, e prestou apoio psicossocial à famílias. A cartilha completa está disponível no endereço eletrônico https://bit.ly/3rryi01.
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Sumiços por distúrbios psiquiátricos correspondem a 12% dos casos registrados, segundo Ministério Público
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, os desaparecimentos de pessoas com problemas psiquiátricos correspondem a 12% dos casos registrados. No caso de adolescentes, entre 12 a 17 anos, esse número sobe para 29%, sendo o maior índice relativo no universo da pesquisa, que abrange cerca de 27 mil casos relatados.
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Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados 676 desaparecidos no Estado do Rio de janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP).