Desaparecido há 19 dias, Motoboy Paulo Roberto Ciriaco, de 35 anos, foi encontrado morto no Rio Guandu, após ser sequestrado por dois homens, quando chegava em casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense Arquivo Pessoal

Desaparecido há 19 dias, o motoboy Paulo Roberto Machado Ciriaco, de 35 anos, foi encontrado morto, no Rio Guandu, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Paulo havia sido sequestrado por dois homens e colocado na mala de um carro, quando chegava em casa, na noite do último dia 2, no bairro Jardim Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo familiares, que realizavam buscas na região, o corpo do motoboy havia sido localizado e resgatado pelos bombeiros no dia 7 de julho. Contudo, devido ao adiantado estado de decomposição, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, no Centro, e submetido a exames para identificação. A família foi avisada na última quarta-feira.
Ainda de acordo com familiares, o laudo pericial indicou que havia uma perfuração de tiro na cabeça, marcas de tortura e vários cortes no tórax, indicando a hipótese de uma execução. As circunstâncias e motivação do crime serão investigadas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
‘Só ficamos sabendo da localização do corpo após 14 dias’
“Foram quase 20 dias de buscas. Só ficamos sabendo sobre a localização do corpo após 14 dias de procura. A família está abalada. Não sabemos o que ocorreu, tampouco temos ideia de quem cometeu o crime. Queríamos apenas achá-lo, vivo ou morto. Meu sobrinho era amado, deixa um filho de 6 anos e muita saudade. Que seja feita justiça!”, disse, emocionada, a orientadora social Ana Maria Ciriaco, 62 anos, tia do motoboy

Sepultamento- O sepultado do corpo do motoboy Paulo Roberto Machado Ciriaco foi marcado para tarde desta quinta-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Familiares e amigos realizarão uma homenagem ao motoboy.

Ativistas alertam para aumento de desaparecimentos forçados na Baixada
Para o historiador e coordenador executivo da Iniciativa Direito e Memória e Justiça Racial (IDMJR) da Baixada Fluminense, Fransérgio Goulart, o aumento dos desaparecimentos forçados na Baixada Fluminense serve de alerta às autoridades e à população para um debate franco sobre implementação de políticas públicas para conter o ‘genocídio de jovens pretos e pobres, moradores das periferias em todo o país’.
“Temos um orçamento que privilegia a compra de munição, armas, e aparatos de guerra em detrimento a investimentos em inteligência e ações sociais. Monitoramos os casos na Baixada, através das redes sociais, e, semanalmente, temos uns 10 casos de desaparecimentos forçados. Reforçarmos que um desaparecimento forçado é a materialidade de outras camadas de violações, como tortura, sequestro, homicídio e ocultação de cadáver. Entender isto é importante para compreendermos e incidirmos sobre a questão”, ressaltou Goulart.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), dos 2.595 registros de desaparecimentos de pessoas no estado do Rio de Janeiro, entre janeiro a junho deste ano, 731 casos ocorreram na Baixada Fluminense e 518 sumiços nas Zonas Norte e Oeste do Rio. Portanto, as três regiões, marcadas por áreas conflagradas devido ao número de operações policiais, presença do tráfico de drogas e milícias, somando, aproximadamente, 50% dos registros.
Em nota de repúdio, o IDMJR informou que “o que ocorreu com Paulo Roberto Ciriaco é mais um exemplo de como a execução de desaparecimentos forçados vem aumentando na Baixada Fluminense . E que não se trata apenas de desaparecimentos de pessoas e sim uma série de violações inclusas como sequestro, a tortura, decapitações, tentativa de ocultação de cadáveres e homicídio”.