Família procura motoboy sequestrado ao chegar em casa na Baixada
Paulo Roberto Ciriaco, de 35 anos, está sumido há 4 dias, após ser abordado por dois homens, em Nova Iguaçu
Paulo Roberto Ciriaco, de 35 anos, desapareceu após ser abordado por dois homenes, em um carro preto, quando chegava em casa, na noite do último sábado, em Jardim Guandu, na Baixada Fluminense - Arquivo Pessoal
Paulo Roberto Ciriaco, de 35 anos, desapareceu após ser abordado por dois homenes, em um carro preto, quando chegava em casa, na noite do último sábado, em Jardim Guandu, na Baixada Fluminense Arquivo Pessoal
Há 4 dias, familiares e amigos buscam pelo paradeiro do motoboy Paulo Roberto Machado Ciriaco, de 35 anos, que desapareceu após ser abordado por dois homens, em um carro preto, quando chegava no condomínio onde mora, na noite do último sábado, no bairro Jardim Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo testemunhas, Paulo Roberto estava na companhia do filho, de 6 anos, e havia acabado de estacionar a motocicleta quando foi interceptado por ocupantes de um carro preto, que não teve modelo nem a placa identificados. Ele teria sido imobilizado e colocado no veículo. A criança foi deixada no local e a moto não foi roubada.
De acordo com a família, Paulo não apresentou mudança de comportamentos e tampouco relatou ter sofrido ameaças ou envolvimento em litígios. Logo após o sumiço, familiares e amigos iniciaram as buscas na região e organizaram uma mobilização nas redes sociais. Paulo Roberto, também conhecido pelo apelido de “Tiquinho”, estava retornando de um evento familiar.
O caso foi registrado como sequestro ou cárcere privado na 56ª DP (Comendador Soares). Conforme familiares, Paulo usava bermuda, camiseta e chinelos. Ele estava com o aparelho celular, que foi desligado na madrugada do último domingo, cerca de 3 horas após o sequestro. A família realizou buscas em diversos hospitais e institutos de medicina legais da região.
‘Estamos sem chão’
"Ele é querido por todos e tem muitos amigos! Estava feliz ao lado do filho, de 6 anos, seu companheiro. Não temos explicações ou indícios do que teria ocorrido. Estamos sem chão (sic) e pedimos a Deus uma luz. Já procuramos em diversos lugares. Estamos há 4 dias sem dormir. A dor da ausência é uma eternidade, mas esperamos que as autoridades saibam do caso e as providências sejam tomadas. Queremos justiça. A Baixada ainda parece uma terra sem lei”, lamenta, emocionada, a orientadora social Ana Maria Ciriaco, 62 anos, tia do motoboy
Informações- O DIA Online solicitou à assessoria de imprensa da Polícia Civil (RJ) informações sobre as investigações, mas, até o fim desta edição, não obteve resposta. Quem souber de alguma informação sobre o paradeiro do motoboy Paulo Roberto Ciriaco pode repassar, com garantia do sigilo e forma anônima, aos telefones do Disque-Denúncia (2253-1177) ou da 56ª DP (2669-0221).
Baixada Fluminense registrou 602 desaparecimentos em 2022
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), dos 2.180 registros de desaparecimentos de pessoas no estado do Rio de Janeiro, entre janeiro a maio deste ano, 602 casos ocorreram na Baixada Fluminense e 422 sumiços nas Zonas Norte e Oeste do Rio. Portanto, as três regiões, marcadas por áreas conflagradas devido, sobretudo, a maior incidência de operações policiais, presença do tráfico de drogas e milícias, somam 50% dos registros.
De acordo com o Programa de Localização e Identificação (Plid) do Ministério Público, cerca de 19% dos sumiços nestas regiões ocorrem devido à violência urbana. Para o historiador Fransérgio Goulart, coordenador executivo da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR) da Baixada Fluminense, o desaparecimento forçado é a materialidade de outras camadas de violações.
“Monitoramos os sumiços na Baixada, através das redes sociais, e, semanalmente, temos uns 10 casos de desaparecimentos forçados. Queremos reforçar que um desaparecimento forçado é a materialidade de outras camadas de violações, como tortura, sequestro, homicídio e ocultação de cadáver. Entender isto é importante para compreendermos e incidirmos sobre a questão”, ressaltou Goulart.
O IDMJR acompanha o caso do sumiço do Paulo Roberto e encaminhou o boletim de ocorrência para o Plid, no Ministério Público Estadual.
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