Motoboy Antônio Samuel do Nascimento Ferreira de Souza, de 32 anos, desapareceu há 4 anos, após sair de casa, na Vila do João, na Zona Norte do Rio, para ir a um suposto encontro na Zona Sul Arquivo Pessoal

Há 4 anos, a dona de casa Maria Ivaneide do Nascimento dos Santos, de 56 anos, ainda costuma arrumar a bolsa, colocar a foto do filho Antônio Samuel do Nascimento Ferreira de Souza, 32, e sair de casa, no bairro Lins dos Vasconcellos, na Zona Norte, em peregrinação por ruas, praças e centros comerciais da cidade, na esperança de reencontrá-lo.
Assim como outras centenas de mães em todo o Brasil, a dona Maria convive com a angústia da ausência e dor pelo desaparecimento repentino do filho, que no dia 8 de junho de 2018, saiu de casa, na Vila do João, na Zona Norte do Rio e nunca mais retornou. A lembrança e os momentos felizes ao lado de Antônio, ainda vivos na memória, servem de acalento e força para continuar as buscas.
“Nunca perdi a esperança de rever o meu filho. Por isso, a cada dia que saio às ruas, olho cada rosto, procuro em cada canto de praça, e sigo mostrando a fotografia dele por onde ando. A angústia e o vazio de ter um filho desaparecido são dilacerantes, mas não podemos nunca perder a esperança. São 4 anos de buscas, de dor, sem jamais pensar em desistir”, disse, emocionada, dona Maria Ivaneide, que conta com o apoio de outros três filhos.
“Saiu dizendo que voltava logo”
Na tarde do dia 8 de junho de 2018, por volta das 14h30, o motoboy Antônio Samuel teve o último contato com a mãe, quando saiu de casa, na Vila do João, no Complexo da Maré, dizendo que iria dar uma saída, mas voltaria logo.
A demora no retorno, no entanto, causou apreensão entre familiares e amigos, pois, segundo dona Maria, Antônio Samuel não tinha o costume de demorar nas entregas e avisava quando fosse ficar fora de casa. Na ocasião, o motoboy estava separado da esposa com quem tem um filho, hoje com 5 anos. Ele vestia camisa azul, bermuda e chinelos pretos. Antônio tem uma tatuagem com o nome “Maria” no antebraço esquerdo.
“Procuramos em diversos lugares, além de hospitais e institutos de medicina legais, mas sem sucesso. Uns diziam que ele foi à praia na Urca, outros disseram que ele estava com uma suposta namorada em um baile na Zona Sul. Tem gente que diz que ele virou morador de rua. Mas, nem os amigos, nem a polícia conseguiram confirmar os fatos. Ficou apenas o vazio em meio aos boatos. Meu filho parece ter evaporado”, lamenta a dona de casa.
Informações- Na ocasião, o caso foi registrado na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, e encaminhado à Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA), que mantém diligências em busca do paradeiro do motoboy Antônio Samuel. Informações sobre o caso podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177) ou à DDPA ( 2202-0338 / 2202-0337), com garantias do sigilo e anonimato.
Brasil registra, em média, 60 mil desaparecimentos por ano
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, na última década, o Brasil registrou uma média anual de 60 mil desaparecimentos de pessoas. Os estados da região sudeste, sobretudo por conta de maior rigor na apuração dos dados estatísticos, continuam tendo predominância nos registros, apontando, em média, números superiores a 40% do total de casos.
No Estado do Rio de Janeiro, em 2022, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a abril, foram registrados 1.777 sumiços. Com maiores incidências, a Baixada Fluminense e as Zonas Norte e Oeste do Rio somam 806 casos, correspondendo a aproximadamente 50% dos registros em todo o Estado.
De acordo com especialistas, áreas consideradas conflagradas devido aos constantes conflitos armados e próximas às regiões dominadas pelo tráfico de drogas e milícias são determinantes para o maior número de desaparecimentos.