Exposição projeta, em telas gigantes, versões animadas das pinturas de MonetDivulgação

O Rio é a cidade de estreia da exposição 'Monet À Beira D'água", espetáculo imersivo, original e inédito que acontece no Boulevard Olímpico, na Zona Portuária da cidade. Com projeções animadas que dão vida ao legado do artista Claude Monet, a mostra une a pintura, a música e o cinema, mergulhando o espectador no mar de cores e luzes do maior nome do impressionismo mundial.
"O eixo das exposições com obras de Monet estão sempre ligados à luz. Por isso, decidimos escolher um ponto de vista diferente: a água. Ele nasceu, cresceu e morreu à beira d'água, de Paris à Giverny, tem uma relação intensa com ela, na vida e na obra", explica Naum Simão, curador da exposição. "O percurso explora essa relação a partir de quatro temas: água, luz, território e tempo. Não é uma exposição de Monet, mas sobre Monet. Não temos os quadros fisicamente ali, mas temos um ponto de vista que está entre a pintura e o cinema", completa.
O projeto artístico, que começou a receber o público no dia 19 de março, usa 285 obras animadas para demonstrar o movimento que o francês expressava em suas pinceladas. Construída especialmente para o evento, a estrutura da mostra, uma tenda em formato de casco de navio, tem dois mil metros quadrados de área e 15 metros de altura. O espaço é equipado com 40 projetores, que reproduzem as imagens em painéis com sete metros de altura, no chão e no teto, criando uma experiência multissensorial em 360 graus e dando ao visitante a sensação de estar dentro das obras.
Em um circuito de pouco mais de uma hora, a maior exposição multimídia de Monet em duração no mundo, conta uma história a partir da trilha sonora, das pinturas e das narrações de depoimentos e cartas do próprio artista, que vão delineando o enredo do espetáculo. O objetivo é levar o visitante em uma viagem pelas águas, passando pelos cinco países e 36 cidades retratados nas obras escolhidas.
"Dentro do projeto, temos uma equipe de direção musical, o áudio é uma parte muito importante da exposição. Cada telão tem sua própria sonoridade e, se você for caminhando pela tenda, vai ver que os sons variam em cada um deles, para criar uma imersão completa", explica Naum Simão.
Pinturas icônicas, como a Estação Saint-Lazare (1877), a Catedral de Rouen (1893) e o Lago das Ninfeias (1895-1926), são apresentadas em sequências de animações digitais 2D e 3D, formando oito narrativas audiovisuais: Uma Viagem de trem; Campos e Moinhos; O Mar e a Luz; Passeio pelo Lago; Arquitetura do Tempo; Horizonte Nevado; Paisagens “en vert” e Flores de Tinta. Cada uma delas enfatiza um aspecto da obra do mestre impressionista, em uma abordagem nova e contemporânea.
Realizado em parceria com o Museu de Arte do Rio (MAR), o espetáculo foi o primeiro projeto da startup brasileira Mira (Museum of Immersive Roaming Arts), que pretende levá-lo para outras cidades do mundo. Segundo a empresa, foram 4 anos de produção, envolvendo mais de 60 profissionais, todos brasileiros.
O mergulho
A exposição usa tecnologia para dar vida às obras do artista, que já são, por si só, famosas pela sensação de fluidez e movimento. Por meio da narrativa escolhida, a mostra dá destaque a forma como Monet pintava o mesmo local diversas vezes, de diferentes formas e pontos de vista. Para ele, a mesma paisagem, na verdade, nunca era a mesma.
O estudante de História, Guilherme Azevedo (21), visitou a mostra ao lado da namorada, no dia 31 de março. Em entrevista ao DIA, ele conta um pouco sobre a experiência que teve ao vivenciar a imersão. "É uma exposição de uma hora e você quer ficar por duas, três horas. Dá vontade tirar foto, eu adoro, mas é algo que você quer, simplesmente, sentar e assistir", analisa o jovem.
Apesar da magia, não foram só as pinturas animadas que encantaram os visitantes, a trilha sonora também marcou a experiência de quem assistiu ao espetáculo. "O que mais me prendeu não foi só a arte em movimento, mas a trilha sonora. Em um momento da apresentação, você vê uma obra europeia ao som de Villa Lobos. Isso me emocionou muito", declara Guilherme.
A estrutura interior da tenda também incentiva a imersão. O espaço conta com um cenário inspirado na vida do artista. A famosa ponte japonesa, do Jardim D'Água de Monet, em Giverny, na França, é replicada na exposição, ao lado de um lago artificial, onde os visitantes, podem experienciar o ponto de vista do próprio artista, que pintava os reflexos na água.
O Rio
Por contar com as mesmas características destacadas pelo projeto, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para receber o lançamento da exposição. "Apesar de estarmos em São Paulo, escolhemos o Rio para a inauguração pois queríamos lançar esse projeto à beira d'água. Por isso, decidimos montar nossa tenda no porto carioca", revela Naum Simão.
O ingresso da exposição também dá acesso ao Museu de Arte do Rio, que exibirá uma intervenção nomeada “Impressões à Beira Mar”. A partir dos quatro eixos curatoriais da exposição (água, luz, território e tempo), o museu terá, no térreo, uma linha do tempo da vida de Monet. Já no quarto andar, o público poderá ver a mostra “Impressões à beira-mar” com cartões postais da coleção MAR.
“É um presente para o Rio de Janeiro, em seu mês de aniversário, e uma oportunidade para todos os cariocas e turistas conhecerem de forma imersiva algumas obras de um dos pintores de maior reconhecimento em todos os tempos”, comenta Raphael Callou, Diretor da OEI, responsável pela gestão do MAR.

Monet À Beira D’Água
Local: Rua Venezuela, 194 - Gamboa, Boulevard Olímpico - Região Portuária
Data: de 19 de março a 12 de junho
Ingressos: https://site.ingressorapido.com.br/monet/
Informações: @monetabeiradagua
*Giovanna Durães é estagiária sob supervisão de Tábata Uchoa