Augusto Madeira vive o ex-policial Quirino no filme 'Um Dia Qualquer'fotos Divulgação

Rio - Um único dia pode guardar inúmeras tragédias dentro de uma comunidade no subúrbio carioca. É o que mostra o filme 'Um Dia Qualquer', que chegou aos cinemas brasileiros em junho deste ano e fica em cartaz até o fim desta semana. Filmado em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, o longa mostra a realidade das famílias que vivem no meio dos conflitos entre policiais e milicianos.
Adaptado da série que estreou no canal Space, na TV por assinatura, em 2020, o filme traz Mariana Nunes, de 'Quanto Mais Vida, Melhor', como a viúva e ex-traficante Penha. Mãe solteira, ela se depara com um dilema quando seu filho desaparece no primeiro domingo após o Carnaval. Disposta a fazer justiça com as próprias mãos, a mulher entra no caminho da milícia controlada pelo ex-policial Quirino (Augusto Madeira), que, dez anos antes, enfrentou o chefe do tráfico Seu Chapa (Jefferson Brasil) pelo controle da comunidade e pelo amor de Penha.
Após a experiência de dar vida a Quirino, Augusto Madeira expõe sua opinião sobre o efeito que espera que o filme tenha na sociedade brasileira: "Espero que ele traga luz, é um tema que precisa ser discutido. No Brasil, a gente tem a extrema capacidade de se acostumar ao absurdo. A milícia é um absurdo. E a gente fica anestesiado, começa a achar normal... Então, acho que o filme serve pra chamar atenção de que isso não é normal, que não pode continuar e que a gente tem que ter a consciência que isso tem que ser combatido. É difícil sim, é assustador sim, mas a verdade é essa", declara o ator, em entrevista ao DIA.
Conhecido por seus trabalhos como humorista, Madeira também tem sua cota de antagonistas e vilões como quando deu voz ao Charada, na audiossérie 'Batman Despertar', lançada em maio pelo Spotify. Para o ator, Quirino entra nessa lista de "personagens malditos": "Eu acredito que o cinema é uma arte transformadora e, pra gente transformar nossa sociedade, precisamos meter o dedo na ferida. Nesse caso, o Quirino é a ferida, e a gente tem que expurgar pra chegar numa cura", afirma.
Enquanto as vidas de Penha e Quirino voltam a se entrelaçar de forma trágica, o público também acompanha a amizade entre o filho do miliciano, Beto (Willean Reis), e Juninho, que é interpretado por Juan Paiva, o Ravi de 'Um Lugar ao Sol'. Para o carioca de 24 anos, 'Um Dia Qualquer' chega para despertar diálogos sobre problemas antigos na capital fluminense.
"Eu espero que esse filme sirva pra gente debater sobre os conflitos que acontecem na nossa cidade, sobre essas questões que envolvem violência, uma realidade dura. Muitas vezes, a gente não sabe lidar com certas situações, mas acho que esse filme pode ser um caminho de descobertas, pra gente ver como 'bate' em cada pessoa", comenta.
O ator destaca a forma real como os fatos se desenrolam no longa: "É um retrato do Rio de Janeiro, do que acontece ali em Marechal. São coisas pra gente buscar solucionar esses problemas da melhor maneira possível. Para debatermos como a gente se comporta diante disso tudo, o que podemos fazer pra melhorar o nosso convívio com a sociedade e o nosso convívio diário", diz.
Com direção de Pedro von Krüger, 'Um Dia Qualquer' ganhará uma continuação com a segunda temporada da série, que está em fase de pré-produção. Antes de ser lançado nos cinemas brasileiros, o filme rodou por diversos festivais nacionais e internacionais, sendo premiado em categorias como melhor direção, melhor filme de ficção e melhor ator para Augusto Madeiro, pela performance como Quirino.