Segundo andar da exposição 35 anos de Laurafotos Divulgação
Considerada por muitos como a primeira “garota de Ipanema”, a filantropa queria ser atriz, mas nunca atuou profissionalmente. Em prol das artes, que a encantava, doou sua casa ao Governo do Estado do Rio em 1983, sendo inaugurada como espaço cultural dois anos após sua morte.
Para homenagear o sonho realizado de Laura, o projeto apresenta ao público, pela primeira vez, peças originais, que foram catalogadas para trazer à tona a história, vivências, sentimentos e lembranças, na forma de obras de arte, mobiliários, louças e outros itens, dos momentos vividos por Laura Alvim e sua família. Também foram digitalizados mais de 1500 itens, como fotografias e materiais culturais, e organizados 720 objetos, como candelabros, cristaleiras, mesas e cadeiras. O acervo cultural e museológico passará a fazer parte da casa em um espaço permanente, o Memorial Laura Alvim, e será entregue aos cariocas como um presente.
Na varanda da casa ocorrerão apresentações de músicos tocando sax, violino e outros instrumentos, com o intuito de convidar o público a participar da programação do espaço. Além da exposição, que ficará em cartaz até o dia 13 de novembro, sendo aberta ao público, diariamente, das 13h às 20h, haverá oficinas teatrais para crianças e adolescentes de instituições públicas.
“A Laura Alvim foi uma mulher revolucionária que reconhece o valor da cultura e faz do seu patrimônio individual um patrimônio coletivo. Me sinto abençoado de ter neste espaço cultural tão valioso a oportunidade de, na posição de professor, estar sempre aprendendo, descobrindo, experimentando”, ressalta Daniel Herz, responsável pela ministração das oficinas. “Teremos a oportunidade de trazer para este espaço uma pluralidade de pessoas das mais diversas origens e identidades, o que faz com que as oficinas fiquem mais potentes e interessantes”, destaca.
Para Tatianna Trinxet, idealizadora e responsável pelo projeto, a Casa de Cultura Laura Alvim tem grande importância na história da cultura no Brasil. “A Casa de Cultura Laura Alvim é um espaço que resistiu e persistiu, nestes 35 anos, de forma elegante e democrática, deixando um legado para o Rio de Janeiro. Possibilita que todos tenham acesso a diferentes manifestações artísticas por abrigar iniciativas de veteranos e jovens artistas e pessoas de vanguarda com grande representatividade para a história da nossa cultura. Antes mesmo de se tornar centro cultural, a casa já recebia ensaios teatrais, saraus e outras performances, possibilitando a visibilidade e o crescimento da cultura brasileira sob todos os aspectos”, salienta.
A idealizadora revela ainda a motivação para organizar esse projeto com várias vertentes. “A ideia de montar esse projeto é de poder contar a todos, principalmente aos cariocas, a história de Laura Alvim, trazendo à tona suas vivências, lembranças, memórias afetivas e momentos vividos por ela e sua família, a partir do seu acervo pessoal, que é riquíssimo. São objetos históricos, obras de arte, fotografias e outras relíquias que mostram essa mulher incrível, única, revolucionária, à frente do seu tempo e encantada pelo mundo das artes. Foi nossa primeira garota de Ipanema, inclusive, porque veio morar no bairro quando criança, e sempre foi encantada pelo mundo das artes. Decidimos montar uma exposição com um conceito artístico que mostrasse um pouco desta irreverência de Laura, do seu olhar para as diversas manifestações culturais”, explica Tatianna.
Com o objetivo de seguir com a celebração dos 35 anos da Casa de Cultura Laura Alvim, o projeto também contará com uma rádio 100% digital, a Rádio Laura, criada pela produtora Constelar, com o objetivo de abordar temas relacionados à cultura e ao entretenimento.
“A Rádio Laura é feminina, coletiva e inovadora, com boas notícias, curiosidades, agenda cultural e grandes convidados. Além de muita música, o projeto contemplará concertos da Orquestra Sinfônica Brasileira, um podcast voltado para o universo do humor comandado por Fábio Porchat, o resgate das radionovelas e temas como diversidade, governança, sustentabilidade e transformação social", afirma Tatianna Trinxet, que também é diretora da Constelar.
Também será possível que o público usufrua do estúdio, que fica no interior da Casa Cultural, uma vez por mês, para produzir seus próprios materiais de áudio e reverberar suas vozes. “Nosso objetivo é ser uma rádio leve, de bem com a vida e muito conteúdo voltado para todas as manifestações culturais”, conta Ruy Jobim, radialista responsável pelo projeto.
Gerida pela Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ) e vinculada à Secretaria do Estado de Cultura, a Casa de Cultura Laura Alvim foi inaugurada em 12 de maio de 1986. “O espaço tem grande representatividade no nosso cenário cultural, principalmente, por ser a concretização do sonho da sua idealizadora, que nunca desistiu de usar seu lar como meio de democratizar o acesso à arte”, reflete Nelson Queiroz Tanure, Presidente do Conselho da PRIO, patrocinadora da iniciativa.
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