Buchechafotos Divulgação

Rio - Em comemoração aos seus 30 anos de carreira, o cantor Buchecha lançou no final de novembro o EP "Canto de Paz", que traz uma nova faceta do artista. No álbum, Buchecha deixa em segundo plano o funk romântico, que marcou o início de sua trajetória na música, e explora um trabalho mais politizado, com letras que abordam sua infância nas comunidades do Rio de Janeiro
Claucirlei Jovêncio de Souza, o Buchecha, ganhou projeção nacional na segunda metade da década de 1990 ao lado de seu grande amigo e parceiro dos palcos Claudinho, que morreu em um acidente de carro em julho de 2022. Um dos pioneiros do funk melody, Buchecha comemora o fato de ainda estar no cenário musical após três décadas. "Sou muito grato por ainda viver do que amo", conta o cantor, que atualmente tem 47 anos.
"Canto de Paz", seu novo álbum, traz 11 músicas em parceria com o DJ Hunter. A inspiração para as letras surgiu de sua própria vivência nas favelas cariocas. "Eu sempre observei e vivenciei essa realidade, mas não enfatizei muito nos meus trabalhos antigos. Recentemente, eu reparei nas minhas palestras em escolas que há muito espaço para informar a juventude sobre questões sociais como o crime e as drogas. A partir disso fui me inspirando", explica.
Modelo de sucesso para jovens que sonham em viver da música, Buchecha garante que sabe da responsabilidade que tem nas mãos. "Viver já é uma responsabilidade tremenda. Mas quando se é artista tudo isso toma proporções ainda maiores, pois são milhares de pessoas te observando. Eu procuro olhar não como uma pressão, mas uma oportunidade de me tornar uma pessoa e artista melhor", afirma.
Algumas décadas depois de estourar com a romântica "Conquista", Buchecha agora quer trazer valores positivos para o mundo em suas letras. Mas, claro, sem deixar o funk melody de lado. "Creio que com o passar do tempo fui amadurecendo, ficando mais centrado, observador e com uma vontade de contribuir com algo positivo para o mundo. Apesar de reunir muita gente boa, infelizmente o povo das favelas brasileiras precisa lidar com muita carência. Pensando nisso, resolvi me juntar com o DJ Hunter e montar um trabalho de funks conscientes para que de alguma forma a minha música possa trazer conforto, conhecimento e também servir como protesto para mudar essa realidade."
Os próximos passos na carreira ainda são um mistério, mas Buchecha pretende continuar fazendo o que sabe melhor: música. "Eu vou me esforçar e dar meu máximo como sempre fiz. Vou continuar com meus shows, divulgar esse trabalho e em breve outros novos, mas mais pra frente eu revelo", despista o cantor, que se alegra com o crescimento e aceitação do funk. No entanto, ele acredita que o ritmo merece mais reconhecimento.  
"O funk tem muita lenha pra queimar ainda. Com a internet houve sim uma evolução no mercado da música, ainda mais no sentido de exposição, ou seja, pessoas que antes teriam menos chance de aparecer agora podem ter uma chance de serem notadas em todo país. O que eu sinto um pouco de falta é que com tanta informação ainda assim falte um pouco de valorização da origem de movimentos como o funk."
Reportagem da estagiária Rebecca Henze sob supervisão de Tábata Uchoa