Jessica Nascimento escolhe máscaras para o Carnaval Cleber Mendes / Agência O Dia

Rio - "A comemoração não pode parar". Sthefany Valle, 27 anos, trabalha como gerente em duas lojas na Baixada Fluminense. Ela aproveitou a tarde de quarta-feira (23) para comprar novos produtos no Saara, o shopping a céu aberto no Centro do Rio. Com a semana do Carnaval chegando, o movimento aumentou bastante no local. O cancelamento dos blocos de rua e o adiamento dos desfiles na Sapucaí não desanimaram os foliões, que estão encontrando outras maneiras de comemorar. É nisso que Sthefany se apoia.
"Sou gerente de lojas de acessórios e maquiagem. Estou apostando bastante nos acessórios de Carnaval. Acredito que, esse ano, a venda também vai ser muito boa, mesmo não tendo blocos de rua liberados no Rio. Vão ter festas privadas e a comemoração não pode parar. Estamos apostando bastante nos acessórios infantis, nos adereços, no glitter... Espero que dê tudo certo", comemorou a jovem com um sorriso largo.
A animação também é grande para administradora Rafaela Lima, de 40 anos. Sua filha tem 2 anos e vai poder curtir o primeiro Carnaval na vida. Esse momento especial merece uma bela fantasia e fica difícil decidir entre a princesa Branca de Neve e a personagem Minnie. De qualquer forma, nada de rua. O baile vai ser dentro da creche, nessa sexta-feira (25). "Acho que vai ser muito legal. Ano passado, ficamos de quarentena, não saímos de casa. Então é a primeira vez que ela vai participar".
A saudade da Sapucaí ainda aperta o coração dos cariocas. Isso porque já são dois anos sem os desfiles, que só voltarão em abril. Porém, quem quiser sentir o clima das escolas de samba pode curtir o "Rio Carnaval 2022", que acontece na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio. Os ingressos já estão esgotados para o evento que terá a presença das 12 agremiações participantes do Grupo Especial. A festa, apresentada por Milton Cunha, é uma prévia do que será visto na passarela do sambódromo.
Para os que ficarão de fora do evento, a solução pode ser a academia. Você não leu errado. Jéssica Nascimento, 29 anos, já comprou sua fantasia para ir treinar. A roupa é inspirada na série favorita do seu filho Bruno, "La Casa de Papel", produzida pela Netflix. "Estou comprando uma fantasia para a academia, uma festa que vai ter. A gente vai treinar fantasiado. Também estou procurando uma fantasia de La Casa de Papel para o meu filho. Ele pediu e nós vamos combinados. Ele para escola e eu para a academia".
Quem não quer sair nem para malhar, também não precisa se preocupar. Com organização, dá até para realizar um bloco dentro de casa. Essa vai ser a comemoração da administradora Angélica Dantas, 33 anos. Ela mora em Rio das Ostras e vai se divertir com oito casais de amigos, todos levando os filhos. A fantasia escolhida pela moça é a personagem bíblica Eva, levando também a roupa de Adão para o marido. Já o filho de 5 anos não ficou atrás e pediu para se vestir de maçã.
"Nós tivemos a ideia de fazer nosso próprio bloco, o 'Bumba meu Brown'. Somos oito casais e vamos ficar em casa mesmo, com mais oito crianças. Compramos brinquedos, escorrega e muita espuma. Vim ver o que tem de novidade nas fantasias e apetrechos para levar e ficar tudo mais divertido! Tudo com segurança e dentro de casa."
A boa movimentação do comércio dá um respiro para os comerciantes do local. O motivo é a comparação com o Carnaval de 2021, quando muitas lojas nem puderam abrir. Para ilustrar, a queda no movimento de clientes pelas ruas do polo foi de 95% na segunda semana de março, segundo a associação de comerciantes do Saara. Esse período conturbado causou o fechamento de diversas lojas.
Luanna Lopes, 25 anos, é gerente de um estabelecimento na Rua da Alfândega, localizada no Polo Saara. Ela está feliz com a melhora do comércio local neste ano, mas acredita que poderia ser ainda melhor. O adiamento dos desfiles também traz esperança para uma nova movimentação no mês de abril.
"Esse ano, estamos com 40% das vendas relacionadas a acessórios e fantasia de Carnaval. Em 2021, não abrimos, por causa da pandemia. Já em 2020, minha venda estava de 80% a 90% relacionada ao Carnaval. Então espero melhorar. Ano passado, muitas lojas fecharam ou mudaram de localidade. Algumas até estão retornando aos poucos. Para o Carnaval em abril, estamos com um pensamento bem positivo, pelo que estamos vendo do movimento atual em relação aos produtos."
Em outra loja da mesma rua, o vendedor e repositor João Felipe, 22 anos, está mais do que satisfeito. Para ele, as compras estão maiores do que em 2019. O jovem acredita que a falta de comemorações nos últimos dois anos tem animado os foliões para essa volta.
"Essa semana, o que mais estamos vendendo é espuma e tinta de cabelo. É semana de Carnaval, vão ter eventos privados e o pessoal está investindo. Também estamos vendendo bastante acessório. Ano passado não abriu, por conta da pandemia. Comparado com 2019, está um pouco melhor, até porque ficamos dois anos sem festas."
Agora em 2022, aqueles que gostam de festejar poderão sair de casa. Os eventos privados estão liberados na cidade do Rio. Por isso, as amigas Alessandra Borges e Dara Matos, 25 e 26 anos, já compraram as fantasias combinadas para duas festas na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. No primeiro dia, uma vai de anjo e a outra vai de "diabinha". No evento seguinte, os apetrechos escolhidos são de sol e lua.
Já a estudante Giovanna Lima, 21 anos, prefere ir à praia e está desanimada por conta dos altos preços cobrados para a entrada. Mesmo assim, deve acabar indo para alguma comemoração. "Estou comprando fantasia para mim e minhas amigas. Não estamos com a expectativa muito alta, mas vamos tentar curtir em eventos mais fechados e tranquilos".
Entre creches e academias, cada um busca seu canto para aproveitar. Se não tem bloco na rua, dá para improvisar em casa. O importante é comemorar com segurança e, principalmente, com as pessoas queridas.
*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes