Carnavalesca da Imperatriz Leopoldinense, Rosa Magalhães Foto: Armando Paiva/ Agência O Dia Foto: Armando Paiva/ Agência O Dia

Rio - De volta ao Grupo Especial, a Imperatriz Leopoldinense retoma as tradições e presta uma homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues. O cenógrafo e figurinista comandou a Verde e Branca de Ramos nos anos 80 e foi responsável pela conquista do troféu do Grupo Especial dos anos 1980 e 1981. O enredo "Meninos eu vivi… Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, composto por Gabriel Melo, marca o retorno da carnavalesca Rosa Magalhães à Imperatriz Leopoldinense após 11 anos. 
"Retornar para a Imperatriz foi muito agradável para mim porque durante esse tempo todo, tive outras experiências agradáveis e conheci muita gente. Mas sempre é bom voltar para onde você conhece as pessoas por mais tempo. Fiquei triste porque alguns se foram, como a Maria Helena, como o Luizinho [Drummond]. Não esperava que acontecesse assim", comentou a carnavalesca ao O DIA, que garantiu uma homenagem ao presidente de honra da agremiação e à histórica porta-bandeira. 
Desta vez, a Verde e Branca embarca na história do cenógrafo que marcou a trajetória campeã da agremiação de Ramos. Talentoso, Arlindo Rodrigues foi o responsável por dar à Imperatriz o primeiro título do Grupo Especial, em 1980.
O figurinista e cenógrafo estreou já campeão no Carnaval carioca em 1960, no comando do Acadêmicos do Salgueiro. Aos 56 anos, em 1987, Arlindo morreu em decorrência da Aids. Mesmo após ter contraído a doença, o carnavalesco continuou assinando o desfile da Imperatriz Leopoldinense, que terminou o ano de 1987 em sexto lugar, com o enredo "Estrela Dalva". 
"O enredo sobre o Arlindo foi uma ideia do Luizinho Drumond. Quando ele me convidou para fazer a Imperatriz, ele me disse que o enredo tinha que ser esse. Eles foram muito amigos durante um tempo longo, já que Arlindo fez vários carnavais para a Imperatriz e sobretudo conquistou o campeonato da escola. Na época, a escola já era conhecida, mas não tinha essa notoriedade toda porque ainda não tinha ganho nenhum Carnaval do Grupo Especial. E o Arlindo deu logo dois títulos", lembrou Rosa.
A carnavalesca contou que um dos maiores desafios para a concepção do desfile foi a parte da pesquisa dele. "As livrarias não tinham material necessário, as bibliotecas estavam fechadas, o arquivo da cidade também. Muito difícil fazer, mas, mesmo assim, fui colecionando informações e artigos e, aos poucos, fui fazendo um inventário dessa obra do Arlindo Rodrigues e da vida dele", destacou.
Aos 75 anos, a veterana do Carnaval do Rio é a única mulher a assinar sozinha um desfile. Apesar de ser uma minoria no meio, Rosa Magalhães garante o seu espaço nos barracões. "As mulheres agora são primeiras-ministras, ministras de saúde... Acho que deixaram aquela condição de só ser dona de casa para ocupar outros espaços e esse é um desses espaços. Acho que não há nenhuma perplexidade com esse fato. É uma pena que as outras mulheres não se interessem tanto por fazer esse tipo de trabalho porque realmente é um pouco desgastante, sem horário. Até entendo que pessoas que tenham uma vida mais regrada não possam aceitar", lamentou.
A Imperatriz Leopoldinense é a primeira escola de samba a desfilar neste Carnaval. A previsão é de que a escola entre na Marquês de Sapucaí às 22h de sexta-feira, 22 de abril. Em 2020, no último Carnaval em que houve desfile no Sambódromo, a escola de Ramos conquistou a vitória da Série Ouro, antigo Grupo de Acesso, com o samba "Só da Lalá", homenagem ao Lamartine Babo dirigida pelo carnavalesco Leandro Vieira.
Confira o samba-enredo:
Confira a letra:
"Meninos eu vivi… Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”
"Eu ainda era menino
À luz de um nobre destino
O dom de tocar corações
E você era menina, suspirando poesias
Entre versos e estações
Quando a mão do grande professor
Nosso caminho em ouro enfeitou
Fui da ribalta à avenida
Você tão linda, foi cenário de amor (lá lá lá lá lauê)
Fiz da orquestra da folia, manequim das fantasias
Que João noutro tempo rasgou

Pega na saia rendada! pra ver o que eu vi
Espelho da raça encarnada... Xica e Zumbi!
E descobrir novos brasis na identidade
Canta Salgueiro, ô, salve a Mocidade!

Lembro que o imperador
Me levou pra ser rei em sua assíria
Amanheceu e nós dois
Fomos uma só voz no altar da bahia
Brilhei... no seu palco iluminado
Dancei... sabiá cantou meu apogeu
Numa derradeira serenata

Sonhei com Dalva e fui morar com Deus

Seu samba nascendo no morro
Ecoa do povo e ressoa no céu
Desperto em seus braços de novo
No mais belo traço da flor no papel
Se a saudade é certeza
Um dia a tristeza será cicatriz
Eterna seja! Amada Imperatriz!

Vem me encantar, volta pro seu lugar!
Seu manto é meu bem querer
E lá do alto o pai maior mandou dizer
Quem viveu pra te amar, seguirá com você!"
Ficha técnica: 
Nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense
Posição do desfile: Primeira escola a se apresentar
Dia e hora: sexta-feira, 22 de abril, às 22h
Cores: Verde e branco
Presidente executiva: Catia Drumond
Presidente de Honra: Luiz Pacheco Drumond (in memorian)
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Rainha de Bateria: Iza
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro
Intérpretes: Arthur Franco, Bruno Ribas
Composição: Gabriel Melo