Retrato fictício de Maria Firmina dos Reis em concurso realizado pela Festa Literária das Periferias (FLUP)Reprodução

Rio - Maria Firmina dos Reis foi escolhida como autora homenageada na 20ª edição da Flip, que acontecerá excepcionalmente em novembro, dos dias 23 a 27, este ano. Esta é a primeira vez que a Festa Literária de Paraty homenageará uma autora negra. Em 2022, o evento conta com três curadores: a editora Fernanda Bastos e os professores Milena Britto e Pedro Meira Monteiro.
Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista negra do país, com o livro "Úrsula", de 1859. Um dos efeitos da invisibilização de sua trajetória é que pouco se sabe a respeito da autora, que nasceu em São Luís há cerca de 200 anos, filha de uma escrava alforriada e um professor branco. Maria Firmina dos Reis foi professora e colaborava com a imprensa de sua época.
Este ano, a Flip pretende dar voz ao que está nas margens. A ideia dos curadores é trazer autores de diferentes lugares e gêneros para ampliar as vozes e temas abordados na festa. "Era muito importante para nós que essa fosse uma Flip que falasse sobre arte, de literatura e do presente, mas que também trouxesse uma reflexão sobre o passado", disse Milena Britto, sobre a escolha de Maria Firmina, ao "Publishnews". 
"Trazemos uma autora que enfrentou os absurdos da sua época acionando todos os lugares e potências da literatura e trazendo a proposta de fazer entender que existe uma sociedade se formando e que é preciso também, de alguma forma, distorcer o nosso olhar", completou. 
Até o momento, a Flip já tem 17 meses divulgadas e participação de nomes como a francesa Annie Ernaux, o chileno Benjamín Labatut, a cubana Teresa Cárdenas, Ana Flávia Magalhães Pinto, Fernanda Miranda, Lilia Schwarcz, Lenora de Barros, Ricardo Aleixo, Patricia Lino, Amara Moira, Ricardo Lísias, Veronica Stigger, entre outros.