Marcelle Falbo e a filha, Amelie  - Arquivo pessoal
Marcelle Falbo e a filha, Amelie Arquivo pessoal
Por Priscila Correia
Rio - Em um período tumultuado como foi 2020, o Natal ganhou uma nova simbologia. Além da alegria, confraternização e troca de amor entre amigos e familiares, este ano, especificamente, será também um momento para reflexão. Afinal, nem todas as famílias terão uma comemoração com todos que amam presentes e/ou com a mesma bonança de anos anteriores. E exatamente por ser um ano diferente, talvez seja também o melhor momento para passar para as crianças lições importantes sobre a vida, a nova realidade que nos cerca e o cuidado com o próximo, inclusive sobre uma relação mais consciente com a natureza e o planeta como um todo – e, neste último, a relação que toda a sociedade tem com o consumismo desnecessário.

Marcelle Falbo, mãe de Amelie, de apenas 4 anos, ensina a filha desde cedo sobre não precisar ter tudo que vê na TV e que ao ganhar algo, outra coisa tem que sair. “Com a quarentena e chegando o Natal, a família começou a enviar presentes pela data e por ela estar em isolamento. Decidimos, então, dar paulatinamente os presentes, para que não ficasse com aquela ansiedade normal das crianças quando ganham presentes. Quando chegaram duas bonecas Reborn, conversamos com ela que não precisava ter as duas e que uma delas poderíamos dar a uma criança que não tinha. Ela concordou tranquilamente e assim fizemos, pensando em estimular a conscientização sobre consumo fazendo uma boa ação”, comenta.

E para ajudar os pais a promoverem um Natal seguro dentro de casa, com brincadeiras e criatividade e sem consumismo, o Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, separou uma lista de sugestões para ajudar a driblar os apelos da publicidade direcionada a crianças neste final de ano.

1. Neste Natal, fortaleça tradições especiais ou crie novas!

Que tal estimular atividades que não envolvam consumo? Uma ideia é convidar as crianças para ajudar na decoração e na montagem da árvore de Natal, estimulando a reutilização de materiais para inventar novos enfeites. Criar e manter tradições familiares ajuda a construir memórias que marcam essa data pelo afeto, e não apenas pelo consumo. E, em um ano no qual os pequenos passaram mais tempo dentro de casa, redecorar esse espaço para as festas pode virar uma brincadeira ainda mais especial! Abuse da criatividade para isso!

2. Privilegie as brincadeiras e a ressignificação dos brinquedos

Converse com as crianças e explique que Natal não precisa ser associado a compras nem a brincadeira depende de brinquedos novos. Também é interessante incentivar os pequenos a refletir sobre os brinquedos que já têm, explicando a eles como é o processo de produção e o que acontece quando são descartados. Uma ideia divertida é que as crianças escolham um brinquedo que não usam mais para trocar com seu irmão/sua irmã, primo (a) ou outra criança próxima. Um gesto simples que ensina a ressignificar o que é, de fato, um brinquedo novo!

3. Pratique o consumo consciente

Segundo a pesquisa Infância Plastificada , o excesso de brinquedos plásticos pode trazer consequências graves para a saúde e para o meio ambiente. Por outro lado, materiais naturais favorecem o desenvolvimento das crianças, conforme explica este informativo. Se nesse Natal você optar por presentear crianças com brinquedos novos, busque opções mais sustentáveis e lembre de evitar embalagens descartáveis. Além disso, nesse ano, a compra online se tornou uma alternativa para manter o distanciamento social, o que acaba facilitando a pesquisa de preços e evitando pedidos insistentes que podem acontecer quando as crianças estão presentes nas lojas. Aproveite para consumir de forma consciente, evitando compras por impulso e lembrando de dar o exemplo!

4. Redobre a atenção com publicidade infantil na internet

Ao longo deste ano, observamos um aumento no uso de telas por crianças. Afinal, atividades como estudos e comunicação com colegas e familiares têm sido facilitadas pelas tecnologias e por plataformas digitais. Mas algumas empresas anunciantes também têm se aproveitado disso para praticar publicidade infantil - e, muitas vezes, de forma velada, a exemplo dos já famosos vídeos de unboxing . Para ajudar as famílias a preferir conteúdos mais seguros para crianças, confira essa lista de canais infantis livres de publicidade direcionada a crianças . É importante lembrar que tanto empresas anunciantes devem parar com a prática ilegal de direcionar publicidade a crianças quanto as plataformas digitais também precisam assumir sua responsabilidade em coibi-las, não cabe apenas a mães, pais e responsáveis proteger as crianças! Por isso, sempre que encontrar publicidade infantil, saiba que você pode denunciar .

5. O melhor presente é a presença!

Não há nada de errado em presentear as crianças, desde que essa seja uma escolha consciente dos adultos - e não consequência de uma pressão comercial exercida pelas empresas diretamente nas crianças. Mas lembre que presença ainda é melhor do que presente! Conte histórias, promova brincadeiras, passe tempo de qualidade com os pequenos! O Natal é uma data que propicia muitas reflexões e pode também ser uma oportunidade de conversar com eles sobre valores fundamentais como afeto, sustentabilidade e, também, sobre como as empresas atrelam apelos consumistas a esta data.

6. Defenda o fim da exploração comercial de crianças

Apesar de muitas empresas aumentarem o assédio comercial direcionado a crianças em datas comemorativas como o Natal, é importante saber que as leis brasileiras já estabelecem que a publicidade infantil é ilegal. E, para garantir o cumprimento da legislação, qualquer cidadão pode fazer uma denúncia de publicidade infantil, saiba como no site do Criança e Consumo. Faça sua parte e exija que as empresas anunciantes parem de explorar comercialmente as crianças!