Desmame - Divulgação
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Por Priscila Correia
Rio - O fim do período da amamentação é uma das fases que trazem mais dúvidas e desafios entre as mães. Afinal, saber quando começar a interromper as mamadas, o melhor horário, se vai alterar a rotina de sono do bebê, entre outras questões, vai depender muito do perfil de cada família.
Autora do livro 'Desmame Gradual: como dar um final feliz à sua história de amamentação', da editora MapaLab, a especialista Bianca Balassiano, consultora internacional de Lactação certificada pelo IBLCE® (International Board of Lactation Consultant Examiners), ou Conselho Internacional de Avaliação de Consultores em Lactação, e também professora de cursos profissionalizantes na assistência à Amamentação, sugere sempre iniciar o processo organizando a rotina de mamadas durante o dia. “Muitas famílias que amamentam crianças maiores, muitas vezes não se dão conta de que ainda estão em livre demanda, ou seja, amamentam sempre que as crianças pedem, sem oferecerem a oportunidade de trocar a mamada por uma brincadeira ou um lanche. Então, uma maneira muito simples de iniciar esse processo é simplesmente deixar de oferecer o peito e aguardar que ele seja pedido. E quando ele é solicitado de forma muita seguida ou sem necessidade, sugerir uma distração ou dizer à criança que aquela hora não é hora de mamar”, comenta.

A pediatra Ana Cláudia Barroso, da Clínica Pediátrica do Recreio, explica que o desmame pode ser classificado em quatro diferentes categorias: abrupto, planejado ou gradual, parcial e natural - neste último, que seria o processo ideal, a criança se autodesmama, sob a liderança da mãe, e isso costuma ocorrer, gradativamente, entre 2 e 4 anos de idade - segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há um tempo determinado para ser realizado.

Mitos e mentiras

Embora muitas pessoas acreditem que o desmame noturno altere a rotina do bebê, a pediatra lembra que é importante entender que alguns bebês deixam de mamar durante as noites quando têm apenas seis semanas. No entanto, a maioria não o faz até aos três meses de idade. “É importante ressaltar que, após 3 meses, eles não acordam a noite por conta da fome. O organismo não tem necessidade nenhuma de receber alimento entre as dez da noite e às seis da manhã, por exemplo. Há também bebés que necessitam de alguns meses para abandonar a mamada da noite. A eliminação da mamada noturna acontece de forma paulatina”, diz.

Para Bianca, a sugestão de fazer a organização de mamadas e o desmame noturno sempre será mais segura após os 18 meses. No entanto, mesmo após 1 ano de idade completo, é possível induzir uma criança a se alimentar melhor durante o dia e consolidar o sono noturno. “Geralmente nesta idade, as crianças não acordam e pedem o peito por fome, mas sim porque naturalmente despertam e precisam do peito, pois estão habituadas a mamar para voltar a dormir. Se for o desejo da família intervir nesse processo, pode-se pedir ajuda do parceiro/a para acalentar a criança toda vez que ela despertar e ajudá-la a dormir de outras formas, sempre com ajuda de um adulto, que vai oferecer segurança e apoio físico e emocional no processo”, pontua.

Uma outra questão que costuma aparecer para as mães nesse período é sobre o fato de não existir nenhum benefício no aleitamento para a criança com mais de 2 anos. “A partir dos seis meses, a criança precisa de mais calorias e nutrientes que o leite materno sozinho pode fornecer. Por isso, inicia-se a introdução de novos alimentos na dieta infantil, com a recomendação de manter o aleitamento materno, como complemento, até os dois anos de idade. A dieta de uma criança de dois anos já é capaz de suprir todas as suas necessidades nutricionais, mas isso não faz com que o leite materno deixe de fornecer outros nutrientes e, principalmente, anticorpos e agentes de defesa”, esclarece Ana Cláudia.

Outra dúvida muito frequente é sobre a interrupção da amamentação de forma abrupta ou usando algumas “artimanhas”. Sobre o tema, a pediatra explica que, na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais - muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Já para o bebê, pode causar até traumas.
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“Na verdade, quanto mais abrupto, com maior ausência materna, menos carinho e atenção, mais insegura será a criança, especialmente no amor de sua mãe. Quanto mais tranquilo e respeitoso, mais segurança e autonomia a criança terá. Aos poucos, retirando uma mamada a cada 15 dias, respeitando necessidades e ocorrências (doenças, mudanças, regressões), o desmame pode ser conduzido favoravelmente. Quanto à mãe, quanto mais ela ouvir orientações externas, sem levar em consideração suas percepções e sentimentos, mais culpada poderá se tornar com relação ao desmame e há maiores chances da relação entre ela e o bebê se alterar. A mulher deve estar segura e também preparada para esse processo; ninguém deve pressionar, recomendar ou prescrever um desmame sem que este seja o seu desejo. Finalmente, é importante que cada mãe escolha a forma de conduzir seu desmame. Receitas prontas, passos infalíveis, estratégias rígidas podem servir para algumas, mas não para todas. Cada mulher deve sentir como deve conduzir seu processo, pois o desmame não é apenas do bebê, mas também da mãe”, conclui a pediatra.

A seguir, algumas dicas preciosas para que o processo seja o mais natural possível:

- Se a criança ainda mamar no peito, peça ajuda de outra pessoa para ficar com o bebê de madrugada, porque o cheiro da mamãe atrapalha o processo;

- Não fique pensando que o bebê esteja com fome;

- Empurre para mais tarde a última mamada tipo 22h/23h;

- Estabeleça o horário ideal da última e da primeira mamada do dia, de acordo com sua rotina;

- Tente se manter firme. Pense que é um sufoco temporário. Em alguns dias, você estará livre;

- Evite as recaídas;

- Tente não ceder às possíveis recaídas, que acontecem principalmente em mudanças de rotina: viagens, doença etc;

- Se fracassar, volte a tentar;

- Não desista, porque tudo vai dar certo. Pode acreditar!


Em tempo: O livro 'Desmame Gradual: como dar um final feliz à sua história de amamentação' fornece uma série de teorias, técnicas e dicas práticas e apresenta um método lúdico, simples e intuitivo criado por Bianca e que pode ser utilizado em crianças a partir de 18 meses. A publicação custa R$ 50 e já está em pré-venda no site https://loja.mapalab.com.br/livro/desmame-gradual/.