Tania KhalillMarcio Amaral Peterson

Rio - Formada em psicologia, Tania Khalill encontrou o sucesso profissional na dramaturgia, participando de diversas novelas e peças de teatro. Mas, próximo aos 40 anos, a atriz, que tem 44 atualmente, começou a se inquietar com a própria vida e sentiu a necessidade de se reinventar. Ao querer mais tempo para a família e novos desafios pessoais, não só profissionais, ela decidiu se mudar para os Estados Unidos com o marido, Jairzinho, de 46 anos, e as filhas, Isabella e Laura.
“Decidimos mudar bem quando eu fiz 40 anos. Foi um grande chamado para que eu pudesse me ver e viver outras experiências pessoais e não só profissionais, que sempre foi um norte muito grande para mim. E no meio da vida, é questionar o tempo que eu ainda tenho, questionar o que eu já fiz com meu tempo, questionar o que eu quero fazer com o que sobra do meu tempo adiante”, pensa ela.
Essas reflexões sobre o próprio tempo fizeram que ela criasse o projeto “Meu Tempo” e começasse a produzir conteúdo nas redes sociais para as mulheres de sua faixa etária, entre 40 e 49 anos, que representam cerca de 7% da população brasileira, segundo dados do IBGE, mas carecem de representatividade.
“Me deu a curiosidade de estudar mulheres que estavam atravessando essa mesma etapa (…) para confirmar algumas transformações, verificar se a mulher se sente representada na meia idade”, diz Tania, que busca falar sobre como a mulher pode ser o "centro da sua vida e ter força para ir adiante numa reinvenção que até então, muitas vezes, ela não teve coragem de fazer ou porque saía daquele padrão de cuidar da família e ser mãe”.
“Muitas vezes, a mulher não pôde, antes, olhar para ela e ter coragem de se assumir dona de si e ousar transformar… É uma etapa já muito falada por muitos teóricos, filósofos e psicólogos, mas não tanto comunicada quanto a do universo masculino, pois o homem quando chega perto dos 40 anos, todo mundo fala que é a idade do lobo. Parece que é algo que só o homem atravessa, em questões hormonais de autoafirmação, amor-próprio, de poder, e a mulher passa com outro contexto. Mas existe essa transformação de meio de vida”, afirma.
Saudade do Brasil
Tania conta que a rotina nos Estados Unidos mudou bastante. “A gente fica muito mais próximo e em família”, diz ela, que celebra a ampliação dos horizontes profissionais no país. Recentemente, ela fez uma participação na série "Mrs. Fletcher”, da HBO americana, e um produziu um workshop para auxiliar mulheres em suas reinvenções. Essas são algumas novidades que fazem Tania e Jairzinho permanecerem nos Estados Unidos, mas sem esconder a saudade que sentem do Brasil.
“A gente adora o Brasil, sente saudade e, claro, pensa em voltar a viver no Brasil... Todos os motivos do Brasil me fazem voltar, até os não positivos fazem querer voltar para ver se a gente consegue ser uma partícula de transformação. Esse é o trabalho diário de um artista, tentar se transformar para poder transformar fora e do psicólogo também... O vírus veio colocar a gente nesse lugar de que todo mundo é igual, tirar um pouco o ego super dominante que existe dessa geração que passou”, pensa.
“O mundo está em transformação, se a gente só pensa em poder e dinheiro, vem um vírus desse e pouco importa se você tem ou não tem dinheiro. Vai facilitar alguma coisa, mas não como se imaginava. Eu amo o Brasil, eu amo trabalhar no Brasil, amo minha família. Foi uma experiência que a gente veio fazer nos Estados Unidos e ela se esticou, está criando espaço, trazendo lastros e possibilidades profissionais. A gente não faz tantos planos no sentido de voltar, deixamos um pouco o fluxo da vida nos levar”, completa ela.
Novelas
Tania lembra com carinhos dos papeis que fez na TV. Desde a sua estreia em “Sabor da Piaxão”, em 2022, ela atuou em mais de dez produções para a TV. “Eu amo as novelas que fiz na Globo, amo a emissora, os amigos que fiz, os profissionais que trabalhei, sou muito grata mesmo. É muito difícil falar qual lembro com mais carinho, mas eu amo ‘Senhora do Destino’, que foi minha primeira oportunidade de trabalhar com Wolf Maia, que já era meu professor há muitos anos, e com Aguinaldo. Amo ‘Caminho das Índias’ porque Glória Perez era a autora dos meus sonhos. Ter oportunidade de trabalhar com alguém que você sempre sonhou, é muito lindo”, finaliza ela.